segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR




Fiz uma resenha deste capítulo do livro de José Carlos Libâneo: Democratização da Escola Pública: a Pedagogia crítico social dos conteúdos.

O texto é centrado na dura vida do professor dividido em avançar na prática educacional e, ao mesmo tempo, aceitar a forma tradicional em que se encontram os estabelecimentos de ensino no país. A escola brasileira tem sido marcada pelas tendências liberais, preparando os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, no sentido de reprodução dos valores e normas da sociedade. As tendências pedagógicas foram classificadas em liberais e progressistas.

Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor/aluno não têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com sua realidade social, portanto, a individualidade e a história desse aluno, são ignorados. O que vemos é a reafirmação de um conceito.

A tendência Liberal se divide em: Tradicional, renovada progressivista, renovada não-diretiva e tecnicista. A Pedagogia progressista em: libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos. A educação brasileira nos últimos 50 anos tem sido marcada pelas tendências liberais, ora conservadora ora renovada.

O que vejo é que na realidade não há mudanças consistentes nessas práticas que são obsoletas e compactuantes com o sistema social capitalista em que vivemos. A globalização trouxe uma forma de mudança radical e irreversível causando uma grande transformação que afetou as estruturas estatais, as condições de trabalho, as relações entre os Estados, a subjetividade coletiva, a produção cultural e principalmente a vida na escola. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a globalização não é um quebra-cabeça que se possa resolver com base num modelo preestabelecido e análise- da mesma forma que a identidade que se afirma na crise do multiculturalismo ou quando a internet facilita a expressão de identidades prontas para serem usadas.

Essa é a questão: IDENTIDADE. Descobri 3 escolas que estão perseguindo essa nova identidade que está se formando e que não se auto-explica nas antigas teses educacionais.

A primeira é a Escola Caminho do Meio, localizada em Viamão (RS), dirigida pelo ex-professor de Física Quântica, Alfredo Aveline, que lecionou durante 25 anos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, relaciona em seu programa os eixos sustentadores da educação infantil recomendados pelos Ministérios da Educação e Cultura (Movimento, Matemática, Linguagem Oral e Escrita, Artes, Música e Natureza e Sociedade) com os princípios da cultura de paz. A proposta de educação da Escola Infantil Caminho do Meio tem por base a pedagogia das 5 Sabedorias:

1-Sabedoria do Espelho: A sabedoria do espelho nos permite oferecer aquilo que faz sentido dentro do mundo do outro, aquilo que ele é capaz de entender. Esta sabedoria nos permite acolher o outro onde quer que ele esteja e a partir dela estabelecemos contato positivo, que nos permite ir adiante de forma significativa e produtiva. Esta sabedoria nos permite a compreensão de que o mundo que vemos ao nosso redor é o mundo que reflete nossa mente.

2-Sabedoria da Equanimidade: Esta compreensão faz nascer um interesse genuíno em mover-se na direção do outro, amparando, promovendo qualidades positivas como compaixão, alegria, equanimidade, generosidade, moralidade, paz, energia constante, concentração e sabedoria. No contexto da prática educativa incrementamos as qualidades positivas que permitem um crescimento dentro do contexto das aprendizagens que demandam cada etapa.

3-Sabedoria Discriminativa: Tem por base a lucidez e a serenidade. No contexto da prática educativa constitui o eixo de compreensão que nos permite diagnosticar obstáculos, orientar e prescrever métodos.

4-Sabedoria da Causalidade: Sabedoria que brota da adversidade das circunstâncias. No contexto da prática educativa permite que avancemos além das sensações de ganho ou perda, vantagem ou desvantagem, nossa e dos outros. Permite que possamos dissolver obstáculos e negatividades, ou integrá-las, para que as aprendizagens sejam significativas e positivas


5-Sabedoria de Darmata: Permite-nos não dar concretude demasiada as situações e fenômenos, ou, ao que quer que esteja nos afetando, permitindo o acesso á região de lucidez, coragem, estabilidade, criatividade e segurança, interna em cada um.
A escola opera com planejamento a ser trabalhado em um período de cinco anos. A cada ano trabalham bimestralmente uma das cinco sabedorias.
DIFERENCIAIS

A cultura de paz no currículo da educação. Considerar a todos como alunos: facilitadores, pais, comunidade e crianças. Diálogos da Educação: é aberto à comunidade, com atividades que incentivam a convivência e participação de todos no desenvolvimento comunitário. Alimentação vegetariana e disponibilização do cardápio semanalmente. O Instituto Caminho do Meio, conta com extenso bosque, horta, parquinho, centro comunitário, refeitório e marcenaria. As crianças têm a oportunidade de explorar, por meio de atividades dirigidas, a área externa à escola, tendo contato direto com a natureza e convívio.

PALAVRAS CHAVE: ACOLHIMENTO E ENTENDER O OUTRO NO MUNDO DELES.

A segunda é o Colégio Estadual Márcia Meccia, localizada no Jardim Pampulha, em Salvador-BA, que era considerada há poucos anos atrás, como a mais violenta da cidade. A UNESCO premiou a escola pelo projeto “AMATEQUEDÁ” que reduziu a violência mobilizando a sociedade local: Igrejas, Associação de Moradores, Centro Educacional, Associação Feminina, Empresários, Coordenadores do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA), além de professores, estagiários e funcionários. Total de 1.385 alunos, 49 professores distribuídos em 3 turnos.

O Coordenador do projeto foi o diretor do Colégio Walfran Santos que possue formação superior em Educação Artística, mestrado em Artes Cênicas pela Universidade Católica de Salvador-BA. Pós graduação em Crítica da Arte pela UFBA, Certificado Ocupacional – Dirigente Escolar e Doutorado em Música Clássica.

O projeto AMATEQUEDÁ tem o objetivo de qualificação profissional, geração de emprego e renda, recuperação ambiental e planejamento urbano participativo do bairro Mata Escura. A meta era reduzir o nível de violência para 80% em 10 meses. A escola trabalha com ensino fundamental, médio e secundário, o qual se reproduz em diversas situações :
- Aceleração de aprendizagem
- Regularização de fluxo escolar
- Educação de Jovens e Adultos

A realidade atual do Colégio se caracteriza pelo sucesso da redução do alto índice de violência e pela consolidação de sua parceria com a comunidade.
Para atingir a meta foram definidas as seguintes ações:

1- Sensibilizar coordenadores, professores e funcionários
2- Integrar a escola à comunidade
3- Realizar encontros com professores de todos os turnos
4- Enfatizar as comemorações cívicas sociais que permitem a presença dos responsáveis a fim de resgatar a família
5- Promover atividades pedagógicas com a participação efetiva do alunado
6- Divulgar e premiar os trabalhos dos alunos
7- Obter apoio significativo dos pais e/ou responsáveis
8- Recuperar o espaço de lazer existente na escola objetivando oferecer ao alunado atividades extras de acordo com os seus interesses
9- Promover festas cívicas, apresentações teatrais, campeonatos e gincanas e outras atividades que ocupem a mente e o corpo evitando a ociosidade.

OBS: Ficou definido o dia 2 de junho como o Dia “D”Contra a Violência. Neste dia sempre se realiza a “Caminhada da Paz”. Foi implantada, também, a Agenda 21 na área.

23 trabalhos de pesquisa em andamento pelo (LTECS)- Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Sociais.

Prêmios recebidos: Trabalhos dos alunos
1- X Seminários Estudantil de Produção Acad6emica-UNIFACS/2006
2- Prêmio Bahia Ambiental- Categoria Idéia Sustentável/2005
3- IX Jornada de iniciação Científica da Uneb/2005-Melhor Pesquisa em Ciências Sociais
4- IX Semnário Estudantil de Produção Acadêmico-Projeto Urbanístico- Espaços de Sociabilidade no Bairro da Mata Escura.
5- III Jornada Universitária de Iniciação Científica-UNIFACS- Projeto Urbanístico.
6- Prêmio Nacional de Iniciação Científica concedido pela FUNADESP.

A Agenda 21 foi o instrumento adequado utilizado nas discussões com a comunidade, que fez descobrir lideranças, novas realidades e um banco de dados e informações sobre a comunidade.

O Projeto foi apresentado no VI Congresso Ibero-Americano de Urbanismo, Salamanca, Espanha em outubro de 2006.

A metodologia de trabalho utilizada na implantação da Agenda 21 teve como pressupostos teóricos as idéias de Paulo Freire, Moacir Gadotti, Francisco Ferrer que propõem como princípios básicos uma educação transformadora, ecológica e libertária.

A terceira é a Escola Nacional Florestan Fernandes, que se identifica como:
“Contra a barbárie, o estudo
Contra o individualismo, a solidariedade!”

Em nome do nosso compromisso na luta contra o obscurantismo e o atraso, dois fortes instrumentos de dominação das elites brasileiras, o MST tem procurado garantir o ensino fundamental para milhares de crianças, jovens e adultos do campo, em mais de 1.200 escolas primárias, públicas, e em dezenas de escolas de segundo grau, instaladas nos assentamentos.

Além disso, em nome dessa mesma luta, o MST concluiu pela necessidade de uma Escola Nacional para os militantes dos movimentos populares e tem como principal objetivo ser um espaço de formação superior pluralista nas mais diversas áreas do conhecimento não só para os militantes do MST, como também para militantes de outros movimentos sociais rurais e urbanos, do Brasil e de outros países da América Latina.

No primeiro ano de atividades, foram realizados diversos cursos de nível superior nas áreas de Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social (em parceria com a Faculdade de Santo André), curso de especialização em Educação do Campo (em parceria com a Universidade de Brasília-UNB) e curso de Estudos Latino-americanos (em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF).


A grande maioria dos cursos conta com a docência voluntária e não-remunerada dos seus professores. Quanto aos estudantes, assumem todas as tarefas e serviços internos da escola, como limpeza, auxílio na cozinha, horta, etc. Em outros termos, a Escola é, também, uma escola de solidariedade permanente, envolvendo toda a comunidade que nela vive.


Em geral, os cursos funcionam em etapas de 3 a 4 semanas de duração cada uma. Ao término de cada etapa, os estudantes retornam aos seus locais de origem, por todo o país, em um sistema de alternância permanente entre teoria e prática.

“Quando fundamos nossa Escola, assumimos que não podíamos continuar esperando, geração após geração, que a tão necessária mudança da política de alocação das verbas públicas venha, finalmente, modificar e melhorar, objetiva e realmente, as condições de vida da grande maioria do nosso povo. Aliás, para que essa maioria assuma o controle ativo e competente da sua própria história, exigindo a realização das mudanças sociais indispensáveis, é preciso que ela possa se apropriar dos saberes que lhe são negados exatamente em nome da preservação e perpetuação dessa ordem social iníqua e excludente. Foi o que nos levou a assumir a tarefa de abrir as vias de acesso a esses saberes àqueles que deles foram excluídos. É uma tarefa tão gigantesca quanto a miséria dominante no campo brasileiro. Uma tarefa que exige de todos nós a coragem e dedicação dos nossos sonhos e ideais de uma sociedade justa e solidária”.


Jô A. Ramos

sábado, 10 de dezembro de 2011

3 MULHERES RECEBEM PELA PRIMEIRA VEZ O PRÊMIO NOBEL



O Prêmio Nobel da Paz foi entregue hoje (10) em Oslo à presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, à também liberiana Leymah Gbowee e à iemenitaF Tawakkol Karman, distinguindo o papel das mulheres na resolução dos conflitos. É a primeira vez na história que o Prêmio Nobel da Paz é atribuído a três mulheres.



"Vocês representam uma das forças motrizes mais importantes das mudanças no mundo de hoje: a luta pelos direitos humanos em geral e a luta das mulheres pela igualdade e pela paz, em particular", disse o presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland, antes de entregar o prêmio. "Vocês dão sentido ao provérbio chinês, que diz que as mulheres sustentam metade do céu", acrescentou.

Vestidas com trajes tradicionais - as liberianas com vestidos africanos coloridos, enquanto Tawakkol Karman usou um hijab colorido - as vencedoras receberam o Nobel sob os aplausos do presentes, que incluiu a família real da Noruega.

llen Johnson Sirleaf, de 73 anos, foi a primeira mulher eleita democraticamente chefe de Estado de um país africano, a Libéria, que sofreu 14 anos de guerras civis que fizeram 250 mil mortos. “O fato de que duas mulheres liberianas estejam aqui hoje para partilhar o pódio com uma irmã vinda do Iêmen mostra o caráter universal do nosso combate”, sublinhou Sirleaf no seu discurso.

Dirigindo-se às mulheres do mundo inteiro, Sirleaf desafiou-as a fazerem-se ouvir: “Falai! Levantai a voz! Que a vossa voz seja a da liberdade!”, exortou.

Leymah Gbowee, de 39 anos, é uma assistente social liberiana que organizou o movimento pacífico de mulheres que, com a ajuda de uma original greve de sexo, contribuiu para por fim à segunda guerra civil na Libéria, em 2003.

A jornalista iemenita Tawakkol Karman, de 32 anos, é a primeira mulher árabe a receber o Prêmio Nobel da Paz. Foi distinguida por ter sido uma das figuras de proa da Primavera Árabe no seu país, um movimento que levou ao período de transição para que o presidente Ali Abdullah Saleh abandone em fevereiro próximo o poder que ocupa há 33 anos.

Tawakkol Karman lamentou a relativa indiferença do resto do mundo em relação à revolução iemenita. "O mundo democrático, que nos falou muito dos valores da democracia e da boa governança, não deve ficar indiferente ao que está acontecendo no Iêmen e na Síria".

O Prêmio Nobel é constituído por uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão de euros) repartido em três partes iguais pelas vencedoras.

Fonte: Jornal do Brasil

10 de Dezembro: Dia Internacional dos Direitos Humanos - A Anistia Internacional e o Brasil



O Brasil e os Direitos Humanos segundo a Anistia Internacional

Leão Serva

Hoje, 10 de dezembro, é o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

A Anistia Internacional, ONG que goza do respeito universal por sua luta em defesa dos direitos humanos em todo o planeta, inicia um movimento para abrir os olhos dos brasileiros quanto ao atraso em questões que a entidade considera devem ser superadas caso o Brasil queira realmente exercer o papel de protagonista internacional que reivindica.

Para Atila Roque, chefe do escritório brasileiro que a Anistia Internacional abrirá em breve no Rio de Janeiro, não é possível ser um líder internacional tendo internamente problemas graves em relação aos direitos humanos, tais como:

* a quarta maior população carcerária do mundo, mantida em condições subumanas;

* comunidades indígenas em áreas de avanço econômico, como Belo Monte (onde os questionamentos internacionais geraram reação autoritária do Governo Federal contra a OEA);

* assassinatos de líderes comunitários em áreas de fronteira agrícola, como a morte recente de um índio Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul.

A Anistia é uma ONG incômoda, normalmente respeitada e elogiada em todos os países quando se trata de atacar vizinhos ou terceiros e atacada quando se trata de discutir denúncias que ela faz sobre as mazelas do país onde está.

No Brasil, durante o final do Regime Militar, suas campanhas pela soltura de presos políticos em países distantes como Malásia e Egito eram publicadas sem censura, mas suas denúncias sobre presos políticos no Brasil eram vetadas.

Hoje mesmo, o Governo Federal reage mal às críticas que a entidade faz ao país. E não são poucas as mazelas do Brasil na visão da Anistia Internacional.

Seu novo escritório, depois de dez anos ausente do Brasil, na verdade servirá como “grilo falante”, uma espécie de “chamado à consciência” dos direitos humanos em um país que quer ser parte do “primeiro mundo” sem ter feito, nessa área, toda a lição de casa para sair do quarto mundo.

Para Átila Roque, chefe do escritório da AI, historiador e cientista político, o desejo de participar como protagonista internacional é natural, “mas isso vem acompanhado de uma maior responsabilidade na defesa dos direitos humanos. Não pode haver omissão ou neutralidade que, na prática, penalizam quem está oprimido”.

Leia a entrevista com o chefe do escritório da Anistia:

1) Qual a avaliação que faz dos últimos avanços nas UPPs e a ocupação das favelas?

O modelo UPP, que consiste em trazer para as favelas a presença da segurança pública focada na reconquista do território, retirada das armas e numa perspectiva de integração com outras ações de governo (sociais, culturais e econômicas), é uma inovação que precisa ser reconhecida.

O morador da favela tem o mesmo direito à segurança que o de Ipanema, Leblon ou Jardins. Não devemos esquecer que a principal vítima do crime violento no Brasil são os moradores da periferia, especialmente jovens e negros, que tradicionalmente foram objeto de ação meramente repressiva.

Mas todas essas iniciativas serão inúteis se não vierem acompanhadas de um esforço mais amplo, tanto na esfera local quanto nacional. A segurança pública no Brasil ainda sofre distorções decorrentes de anos de autoritarismo e do baixíssimo nível de integração entre unidades da Federação e a União.

Faltam instrumentos de informação, gestão e integração, baseados na inteligência, qualificação do profissional e respeito aos direitos humanos. É preciso romper com a cultura de subsistemas isolados e controlados a partir dos Estados. Por mais virtuoso que seja algum modelo localizado, ele não pode avançar sem respaldo dentro do sistema de segurança como um todo.

2) Com o assassinato ainda a ser confirmado, qual sua avaliação sobre a morte do líder Guarani-Kaiowa e ameaças a agentes públicos e índios por fazendeiros da região? A questão agrária naquela região afeta todas as tribos (não só a Guarani) mas como os Guaranis são os índios brasileiros que primeiro estabeleceram contacto com o colonizador, eles se tornaram um símbolo. O que a Anistia pretende fazer a respeito?

Em primeiro lugar não podemos deixar de sublinhar a gravidade do que aconteceu e o quanto isso afronta a dignidade de todas as pessoas de bem no Brasil. Os relatos das testemunhas e sobreviventes falam em camionetes de luxo com cerca de quarenta homens fortemente armados e encapuzados, que cometeram agressões, executaram o cacique, levaram o corpo, assim como outros feridos que até agora não foram encontrados.

É espantoso que isso não mobilize e choque o país. A situação no Mato Grosso do Sul é crítica – a cada semana recebemos relatos de ameaças de morte contra os povos indígenas feitas por “seguranças” contratados por fazendeiros.

O caso do provável homicídio do cacique Guarani-Kaiowa e os ataques contra o resto da sua comunidade refletem uma longa tradição de discriminação, violência e impunidade que eles continuam a sofrer.

Existem milhares de Guarani-Kaiowa vivendo em situação precária, acampados à margem das rodovias próximas às suas terras ancestrais; as reservas oficiais sofrem com superpopulação, desnutrição, alcoolismo e altos índices de suicídio – um quadro triste, de colapso sócio-econômico.

Os Guarani-Kaiowa são a maior etnia na região (cerca de 50.000), com uma longa história de perseguição por causa de sua luta pelos direitos constitucionais à terra que sempre lhes pertenceu.

Há muito a Anistia vem trabalhando sobre essa questão. Visitamos a região várias vezes; conversamos com as comunidades, as ONGs locais, especialistas na área e as autoridades, inclusive a FUNAI e o Ministério Público Federal. Fizemos relatórios, pedimos ações urgentes; escrevemos cartas para o Presidente da FUNAI, Marcio Meira, em abril deste ano e entregamos uma petição com mais de 20 mil assinaturas solicitando a agilização do processo de demarcação das terras indígenas.

O problema principal é a morosidade do processo de demarcação que coloca essas comunidades numa situação de extremo perigo.

O que percebemos é que existe uma oposição total a nível estadual, seja por parte da assembléia legislativa ou por parte das organizações que representam os interesses do agronegócio, como a FARMASUL, que dificulta o processo com intervenções judiciais.

As autoridades federais têm que atuar com mais firmeza, agilizando o processo de demarcação e, ao mesmo tempo, protegendo os povos ameaçados e investigando todas as ameaças e atos de violência. É essencial, por exemplo, a punição rigorosa das chamadas “milícias rurais” que atuam com impunidade na região.

A Anistia vai continuar mobilizando seus membros para que pressionem as autoridades brasileiras com o objetivo de ver cumpridos os direitos constitucionais dos indígenas.

3) Os grupos indígenas da região de Belo Monte alegam que não foram ouvidos como determina a Constituição sobre a usina hidrelétrica. As entidades ambientalistas estão convencidas que a usina anunciada é apenas a primeira de uma série que será divulgada quando se tornar público que Belo Monte só produz energia quatro meses por ano. Qual a avaliação da Anistia sobre esse fato e suas consequências?

A associação entre o desenvolvimento econômico e os direitos humanos é tema fundamental para a Anistia Internacional – não só no Brasil, mas também em outros países que estão entrando num período de crescimento econômico rápido.

Belo Monte – por causa do tamanho e da localização – virou símbolo desse problema: como o estado pode promover desenvolvimento sem violar os direitos das comunidades na região? Claro está que o desenvolvimento é muito importante para assegurar os direitos econômicos – mas não pode ser a custa dos direitos fundamentais das comunidades, impactados direta ou indiretamente.

Em nossa opinião, os povos indígenas e os ribeirinhos não foram devidamente consultados sobre Belo Monte: foram informados, mas não houve um processo de engajamento, diálogo e consulta genuína.

Achamos também que a reação agressiva do governo brasileiro contra as medidas cautelares emitidas pela Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, em abril, não foi muito produtiva.

Isso não corresponde ao histórico do Brasil em relação aos organismos internacionais de Direitos Humanos, que sempre foi o de fortalecê-los. Esvaziar e tentar desqualificar organismos multilaterais que alertam sobre assuntos ligados ao Brasil demonstra que o Brasil não está preparado para ocupar um lugar de mais destaque, posto que para almejar um papel de peso na esfera global é preciso saber lidar com essas situações. Espero que esse tenha sido um desvio momentâneo.

4) As cadeias brasileiras são todas, sem exceção, medievais e condenar um criminoso à prisão numa delas é muito mais do que "privação de liberdade". A opinião pública brasileira parece alheia a essa questão, desinformada ou propositalmente vira as costas para o assunto. Ao mesmo tempo, isso gera impunidade, não raro juízes se recusam a condenar infratores por entender que a pena de prisão nessas condições é brutal demais. A Anistia tem um plano para influenciar uma melhoria da questão penitenciária no Brasil?

Bem, em primeiro lugar é importante reconhecer que embora em número reduzido, há pessoas trabalhando dentro das penitenciárias (estaduais e federais), lutando pelo melhoria dessas condições.

Seu esforço deve ser reconhecido para reforçar que, mesmo com todos os problemas advindos da corrupção e do desinteresse da população e dos políticos de um modo geral, é possível reformar o sistema.

Entretanto, não ha dúvida que o problema persiste. O uso de tortura continua generalizado e sistemático, como foi verificado pelo Relator Especial sobre Tortura, das Nações Unidas, durante uma visita ao Brasil em 2000.

As condições continuam cruéis, degradantes e desumanas: os presos continuam privados dos seus mais básicos direitos, como direito à saúde, a uma justiça eficaz e não discriminatória, e à segurança, entre muitos outros.

Em dezembro de 2010, o Brasil tinha 496.251 pessoas presas, a quarta maior população carcerária do mundo, superada apenas pelas dos Estados Unidos (mais de dois milhões), da China (1,7 milhão) e da Rússia (cerca de 800 mil). Desse total, conforme demonstrou a pesquisa da ARP (Associação Pela Reforma Prisional), coordenada por Julita Lemgruber e Marcia Fernandes, 44% eram presos provisórios, vale dizer, ainda não condenados, aguardando julgamento.

Entre 1995 e 2010 a população prisional do país mais que triplicou e a taxa de presos por cem mil habitantes aumentou 180%. E os dados mostram que estamos prendendo mal, mantendo um número excessivo de pessoas em prisão provisória e jogando nas penitenciárias jovens que não cometeram crimes violentos e que poderiam estar cumprindo penas alternativas.

Em 1999 a Anistia lançou uma campanha mundial sobre as condições no sistema carcerário. Em 2000 isso foi reforçado com uma campanha sobre as profundas e persistentes violações cometidas no sistema sócio-educativo paulista, e em 2001 um relatório da Anistia ao comitê contra a tortura das Nações Unidas foi seguido por uma campanha internacional da organização sobre o problema no país.

Hoje, mesmo que o contexto e as vítimas sejam diferentes daquele primeiro relatório sobre Tortura no Brasil, emitido em 1972, a necessidade de pressionar as autoridades para agir continua a mesma, e certamente a AI vai continuar a tratar do assunto.

5) Qual a avaliação que sua entidade faz do atual governo? Em relação ao governo Lula, mudou? Melhorou?

É cedo para fazer uma avaliação do governo da Presidente Dilma em relação aos direitos humanos ou fazer comparações com o governo anterior. Certamente a criação da Comissão da Verdade, assim como o projeto de lei para a criação de um mecanismo de prevenção da tortura (requerido pelo Protocolo Opcional da Convenção Contra a Tortura, ratificado pelo Brasil), são indicações de importantes oportunidades na defesa dos direitos humanos e no combate à tortura.

Ao mesmo tempo, a reação do governo da Presidente Dilma, em resposta às medidas cautelares da Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, aumentou muito as preocupações sobre as intenções deste governo.

O Brasil, com todos os problemas que tem, sempre se mostrou aberto a dialogar e participar dos processos internacionais de direitos humanos. Nas promessas feitas durante sua eleição para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas o Brasil citou especificamente a necessidade de participar e reforçar o sistema Inter-Americano de Direitos Humanos.

No entanto, a decisão de praticamente se retirar do sistema após as medidas cautelares citadas nesta entrevista, acabam por prejudicar seriamente a expectativa positiva criada pelo novo governo da Presidente Dilma.



Leão Serva é jornalista

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

VIVA, MULHER! DOCUMENTÁRIO SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES. "WOMEN,LIVE" DOCUMENTARY NEED SPONSORSHIP




PROJETO VIVA MULHER


O projeto VIVA MULHER é um documentário com mulheres de várias cidades do Brasil sobre violência, principalmente a doméstica. Quero levar informações sobre direito, cidadania e formas de defesa para as mulheres, com palestras e debates. O documentário de 60 minutos vai registrar tudo em um período de 6 meses. O filme será lançado nas casas de apoio às mulheres, nos centros, nos abrigos, e onde nos for dada a oportunidade de mostrar o trabalho.

Complementando o projeto, lançaremos um livro e disponibilizaremos cópias do documentário para cine-clubes e bibliotecas. Nossa intenção é alcançar pequenas cidades, onde o acesso à informação é precário. Estamos buscando parceria/patrocínio/apoio.

No Superior Tribunal de Justiça (STJ), a quantidade de processos sobre violência doméstica contra as mulheres é crescente – em 2006, foram 640; em 2011, já chegão a 1.600, o que representa um aumento de 150%. Isso ocorre nas grandes cidades.

Queremos falar com mulheres que não têm acesso as delegacias da mulher, aos centros de apoio, as casas abrigo. Muitas cidades não possuem nenhum órgão de ajuda às mulheres vítimas de violência.

Contato: Jô A. Ramos- ZL Comunicação
Tels: 55 21 2256-6467/9968-8114


TANSLATE FOR INGLES

"WOMEN, LIVE" - DOCUMENTARY-NEED SPONSORSHIP

Our project "WOMEN,LIVE" is a documentary about brasilian women in several cities in Brazil on violence, especially domestic. I want to take information on law, citizenship and forms of defense for women, with lectures and discussions. The 60 minute documentary will record everything in a period of 3 months.

We will launch the houses to support women in centers, shelters, and where we are given the opportunity to show work. Complementing the project will launch a book and make available copies of documentary cinema clubs and libraries. Our intention is to reach small towns, where access to information is more precarious.

We are looking sponsorship and partnership.
Information: zlcomunicacao8@gmail.com
Phone: 55 21 9968-8114- Jô Ramos

Presidenta Dilma Rousseff Encara o Inquisidor. A Dor Da Tortura

sábado, 26 de novembro de 2011

FILÓSOFO ALAIN DE BOTTON LANÇA LIVRO NO BRASIL E CRITICA A ELITE BRASILEIRA




Na cidade para lançar seu livro 'Religião para Ateus', o filósofo se encanta por prédios históricos de vários estilos no Rio de Janeiro. Criticou a elite brasileira, e chocou-se com a "profunda desigualdade" do país.


Folha - O que achou do Brasil nessa primeira visita?

Alain de Botton - É um pais fascinante, parece que estou aqui há um século, de tantas impressões. Estou maravilhado com o tamanho, a diversidade, as pessoas. Tenho lido história do Brasil, é impressionante a quantidade de coisas que já aconteceram aqui, as turbulências, revoltas, mas também os esforços para ser bem-sucedido e unir este país apesar dos incríveis desafios geográficos, das guerras, doenças. Vindo da Inglaterra, fiquei com a impressão de que vivo em um lugar muito pequeno, onde nada aconteceu, em comparação com este país.

Como foi a viagem?

Comecei em Porto Alegre, experimentei o sul germânico, aí fui para São Paulo e experimentei a loucura...

Loucura em que sentido?

Você vê na geografia urbana que é uma cidade em que ninguém parou para pensar ªcomo podemos fazer essa cidade habitável, bonita, calma?º. Foi tudo corrido, preocupado em fazer dinheiro, em se projetar no cenário internacional, e não houve muito tempo para pensar em parques e coisas do tipo. Num dia cinza, parece uma visão do inferno.

E você teve alguns encontros com a elite da cidade.

Sim, fui a um coquetel em São Paulo, após uma palestra que dei para a elite [na Sala São Paulo] e fiquei espantado com o refinamento deles, muito mais do que qualquer um que você encontraria em Londres. Não sei, não era exatamente uma riqueza decadente, mas extremamente privilegiada, de um jeito que me pareceu impossível de acontecer no Reino Unido. Uma conversa de ªpegamos o helicóptero para ir aliº, ªa limousine está aí foraº, ªminha filha está estudando na Alemanhaº. As diferenças são tão... uau! Nós saímos do prédio e havia algo que parecia um cadáver, mas que provavelmente ainda era uma pessoa. Isso é extremo.

Qual é sua sensação geral desse contraste de classes?

Sinto que o Brasil está a apenas alguns dólares de distância de uma completa transformação, em termos de salário mínimo. Com mais cinco anos de bom crescimento econômico esse país vai estar completamente diferente. Parece uma fase de transição mesmo. Fui a uma favela ontem e você tem a sensação de que aquilo não vai ser daquele jeito para sempre, não parece com a Índia, onde a pobreza é tão estrutural e endêmica que o país não tem mecanismos para contorná-la.

É apenas uma impressão, mas não me senti pessimista, apesar de ter encontrado vários brasileiros pessimistas, gente que me disse que o país tem problemas sérios, ªnão acredite no que você lê na `Economist'º. Por outro lado, encontrei gente otimista, que acha que o país mudou de nível e que, se conseguir acabar com a corrupção política e dar um jeito na educação, vai dar certo. Acho que há muita base para o otimismo.

Como você compararia as três cidades que visitou?

Se você quer uma vida calma, Porto Alegre é o lugar. Parece uma cidade sóbria, trabalhadora, tem uma certa qualidade germânica. E você está distante, mais próximo da Argentina.

*Você conheceu a Argentina? *

Nunca estive lá, mas acho interessantes as diferenças entre brasileiros e argentinos. Instintivamente me sinto mais próximo dos brasileiros, acho que os argentinos são um pouco depressivos, com seu estilo europeu, aquela coisa belle époque de ªParis da América Latinaº, os ditadores, cavalos, é tudo meio depressivo, não é exatamente meu cenário. Mas nunca estive lá.

Você tuitou um comentário que comparava Porto Alegre com o Texas, São Paulo com Nova York e o Rio com Los Angeles. Acha válida a comparação?

Isso gerou muitos comentários, gente concordando e discordando. No geral, o que chama a atenção é como o Brasil é diferente dos EUA, felizmente. É um país religioso de um modo bom, não é fundamentalista, a religião aqui tem uma influência calmante, diz às pessoas que há outro mundo além desse, isso faz com que o espírito brasileiro seja mais relaxado, enquanto o americano é sobressaltado, focado no dinheiro e no sucesso de um modo louco, porque não há nada além daqui. Tenho a sensação de que o Brasil é um pouco mais equilibrado nesse sentido. Mas não compro essa conversa de que os brasileiros são alegres. São bastante afetuosos, mas sinto muita tristeza também, uma certa melancolia, o que acho bom, porque torna a cultura brasileira mais interessante.

De que cidade você gostou mais?

Do Rio. É uma cidade que seduz imediatamente. Parece que ela é criticada porque tudo aconteceria em São Paulo e o Rio seria muito provinciano, mas não fiquei com essa impressão, parece ter muita coisa acontecendo aqui. Não é um balneário de férias.

Você esteve em mansões e numa favela. Que impressão teve desse contraste?

Fiquei impressionado com a quantidade gente que me disse nunca ter ido a uma favela. E também me chamou a atenção quantas mulheres das favelas trabalham em casas de ricos, tomando conta de seus filhos. Isso me interessa, tenho certeza de que deve surgir um laço sentimental entre as crianças e as mulheres que tomam conta delas, isso é intrigante em termos emocionais. Deve haver histórias fascinantes de conexão entre famílias muito ricas e gente muito pobre.

Viu exemplos de racismo aqui?

É curioso, todas as pessoas com quem conversei me dizem que não existe racismo no Brasil, que isso não é um problema. Achei estranho, no Reino Unido, qualquer pessoa de classe média com quem você converse sobre isso vai dizer que é claro que há problemas, todos admitem. Mas, no Brasil, parece ser uma questão de honra dizer que não há racismo. Admitem problemas econômicos, mas não esse tipo de preconceito. Talvez não haja mesmo, ou talvez eu não tenha perguntado para as pessoas certas.

Que impressão levou da visita ao Complexo do Alemão, no Rio?

Não é tão ruim quanto eu fui levado a crer. Eu imaginava o inferno na Terra, como o que você encontra na Índia e em partes da África. Não é fantástico, mas é ok. Havia casas boas, ruas pavimentadas, não vi esgoto a céu aberto, as pessoas circulavam. Fui a uma favela pacificada, então não sei como o clima pode ser em um lugar mais violento. Mas acredito genuinamente que as favelas não serão um problema eterno no Brasil. É uma fase. Aquelas cidades turísticas italianas nas encostas de morros já foram favelas também, séculos atrás. Hoje pensamos nelas como lugares charmosos. Imagino que, em 50 anos, o mesmo processo vai acontecer no Brasil. Vamos olhar para a história do país e ver que foi um momento de salto populacional no qual o governo perdeu o controle, houve crises econômicas, mas aí Lula veio, o preço das commodities subiu, o Brasil pôde usar esse dinheiro para se desenvolver.

Qual sua impressão do governo Lula?

Ele deu muita sorte em diversos pontos, pegou a alta do preço das commodities, seu antecessor havia estabilizado as coisas e feito boa parte do trabalho difícil, ele herdou um bom cenário. Mas fez algumas coisas básicas em termos de redistribuição [de renda] que assustavam a elite. Ele provou que a redistribuição não era um desastre, os ricos têm dinheiro suficiente, é possível tirar um pouco deles para ajudar a sociedade como um todo.

O que o Brasil precisa agora é educar adequadamente sua população, acabar com a corrupção para que o dinheiro vá para onde é necessário, criar um sistema de impostos mais justo e eficiente e uma infraestrutura melhor. Uma vez que isso comece a ser feito, e já está começando, o resto virá.

Qual sua opinião sobre a presidente Dilma?

Sinto que ela é boa. Gosto da falta de estilo dela, é uma espécie de Angela Merkel do Brasil. Ela parece incorruptível, e isso é algo fantástico para esse país. É claro que não basta ser só ela, é um país imenso e ainda há muitos corruptos em diversos Estados, mas essas coisas levam tempo mesmo. É preciso persistência e uma imprensa vigilante, e parece que a brasileira está fazendo isso.

E o que achou dos brasileiros? Sentiu diferença entre a população de cada cidade?

À medida que fui subindo, as coisas foram ficando mais quentes em termos emotivos. Acho que a população do Rio representa mais a imagem clássica do brasileiro entusiasmado, imediatamente afetivo. Me chamou a atenção como os brasileiros são amigáveis, mas não de um modo americano. Os americanos têm uma amabilidade que parece mercenária, interesseira. Aqui, a amabilidade é mais otimista, as pessoas são apresentadas às outras e acham que não há motivo para não gostar delas. Isso é muito antibritânico, lá nós achamos que não há motivo para gostar imediatamente das pessoas a quem somos apresentados.

Você tuitou sobre brasileiras que reclamaram que aqui existe um ªculto opressivo à belezaº.

É engraçado. O Brasil obviamente tem muita gente não atraente, tanto quanto qualquer outro lugar, mas as pessoas dizem ªtodo mundo é bonito no Brasilº. É claro que não, há gente bonita e gente feia. Mas os brasileiros valorizam muito a beleza. Conversando com homens aqui, era muito comum ouvir ªolha aquela mulher, como é gostosaº. Ninguém faz isso na Inglaterra, mas nem acho que é algo sexual, era como se estivessem admirando um céu bonito ou um pássaro, é algo até inocente. Ninguém se envergonha de dizer ªolhe aquelas pernasº. Na Inglaterra nós somos educados a nunca fazer isso porque as mulheres podem achar que é algo machista, mas aqui o clima é mais relaxado, não é tão politicamente correto. O Brasil definitivamente não é uma sociedade politicamente correta do ponto de vista americano ou europeu.

O que achou da arquitetura no país?

O Brasil tem provavelmente a melhor arquitetura modernista do mundo, aquela coisa clássica do século 20 feita por Niemeyer e outros. É a melhor porque é modernista, mas adaptada ao cenário e clima locais, o que dá uma identidade às construções, você consegue dizer ªessa é uma obra brasileiraº.

Mas é desapontador quando você olha para a maioria dos edifícios brasileiros, eles são terríveis, não têm vida nem cor, blocos de apartamentos horríveis. Conversei com alguns arquitetos e eles me disseram que o problema é que o governo não se preocupa com boa arquitetura quando faz obras. No Brasil, bons arquitetos fazem casas para os ricos, não fazem obras públicas. É o oposto da Europa e dos EUA, onde os bons arquitetos não desenham residências privadas, isso não é arquitetura. Eles desenham partes da cidade, trabalham com empreiteiras para construir belos arranha-céus.
Se eu estivesse no comando do Brasil, forçaria cada contrato de grandes obras a passar por uma competição entre os melhores escritórios de arquitetura. Isso faria as obras custarem 7% a mais, mas o país teria uma arquitetura moderna em nível nacional, em vez de pequenos pedaços aqui e ali. O país deveria ter progredido a partir do legado de Niemeyer, a história não poderia ter parado ali.

O que mais você faria se comandasse o país?

Além da reforma geral na arquitetura, contrataria alguns tecnocratas alemães para vigiar o dinheiro e acabar com a corrupção de uma vez. Definiria que, a partir de 31 de janeiro, não haverá mais corrupção, vamos investigar tudo até o fim e essa se tornaria a primeira sociedade 100% transparente do mundo, usaríamos a internet para abrir todas as contas públicas.

Por que tecnocratas alemães?

A Alemanha tem o menor nível de corrupção do mundo, seu sistema de impostos é extraordinário, eles não perdem um centavo, não há furos. Por isso são tão poderosos. Então vamos precisar de um pouco de alemães aqui, talvez os de Porto Alegre possam ser usados para isso.

E o resto da sua plataforma de governo?

Eu também ouviria os economistas para saber o que mais podemos fazer em termos de redistribuição [de renda], que percentual do PIB podemos distribuir imediatamente para os mais pobres, sem desarranjar toda a economia do país. Suspeito que seja um pouco mais do que o que é feito atualmente, mas isso é um palpite.

Precisaria também quebrar a força dos sindicatos de professores e canalizar a energia dos jovens brasileiros que queiram ensinar, formar uma equipe quase militar de jovens professores que seriam treinados e enviados para as escolas usando os melhores e mais modernos métodos de educação. Me livraria dos professores antigos, os aposentaria ou os enviaria para receberem treinamento.

Daria a cada favelado dinheiro para comprar material de construção para deixar suas casas com um nível mínimo de qualidade.
Investiria em infraestrutura, energia, alternativas às viagens aéreas.

O que poderíamos aprender com os britânicos?

Não muito (risos). Acho que o nível dos servidores públicos britânicos é muito alto, são muito honestos, particularmente os juízes. O sistema judicial britânico é muito bom, funciona bem, poderíamos pegar um pouco disso. Mas não muito mais, talvez a paciência. O Reino Unido levou um longo tempo para se tornar o que é hoje. No Brasil existem diferentes faixas de tempo, há pedaços que se parecem com a Manchester no século 19, outros que parecem a Los Angeles do século 21. É um caleidoscópio, você sente que aqui coexistem diferentes estágios temporais da história da humanidade.

Que impressão você vai levar dessa primeira visita?

Eu levei um longo tempo para vir ao Brasil porque achei que precisava mudar, estar numa posição em que conseguisse entender esse país. Me sinto muito enriquecido. Hoje penso no Brasil como um país que eu conheço e de que gosto, com o qual tenho uma conexão. É inevitável gostar de um país que gosta de uma parte do que você faz. Meus livros são publicados na Finlândia e devem ter vendido um exemplar, então não consigo evitar sentir um certo desgosto por um país em que ninguém gosta de mim. Quando você tem leitores e eles gostam dos seus livros, isso provavelmente significa que quando você for conhecê-los vai se dar bem com eles, porque livros são como conversas congeladas, quando você encontra os leitores você descongela a conversa e as coisas tendem a correr bem, e foi o que aconteceu aqui durante essa semana.

Espero voltar, na verdade vou voltar.

Para abrir sua Escola da Vida (School of Life) aqui?

Exato. Esse projeto ainda está numa etapa inicial, mas vai acontecer, vamos abrir no Rio em agosto de 2012. Essa é uma razão para voltar e para aprofundar minhas conexões com este país. Pretendo passar umas seis semanas aqui da próxima vez, trazer as crianças. Adoraria mostrar a elas os extremos do Brasil, quero leva-las a uma favela. Eles vivem em uma parte privilegiada de uma cidade privilegiada como Londres, é importante para eles que conheçam essa outra realidade.

O que você acha que eles podem aprender na favela?

Eles precisam entender o lugar que ocupam na sociedade. Precisam entender como o país delas é rico e como levam uma vida privilegiada. E precisam perder o medo da pobreza. Meu filho caçula me disse ªo Brasil é perigoso, tem muitos pobresº e eu falei ªo quê? De onde saiu esse raciocínio?º. É uma coisa de criança, eles ficam assustados, mas eu não quero que eles pensem desse modo, então vou levá-los para passear na favela e, com sorte, nunca mais vão pensar assim. Isso é importante para torná-los cidadãos globais. Tenho certeza de que o país deixaria uma impressão permanente neles.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

23 de Novembro-Rede Mulher-Estarei lá!!!


Estarei participando, no dia 23 de novembro do evento REDE MULHER, que será realizado pela Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos de Nilópolis, a convite da Secretária Nilcéia Clara Cardoso. Este evento fará parte do meu Documentário VIVA MULHER que está percorrendo o Brasil, registrando depoimentos e discutindo a violência, cada vez mais crescente, contra a mulher no país.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A FRAGILIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS


O fracasso das relações humanas é digno de um tratado, sempre foi, e agora mais do que nunca com o advento das redes sociais. Somos rápidos, sucintos, concisos e lacônicos. Estamos cada vez mais longe do outro, enganados por uma rede que não embala ninguém, nem nos faz sonhar.

Zygmunt Bauman, desenvolve o conceito de “liquidez humana”, situação que se manifesta indubitavelmente nos diversos âmbitos de nosso fracassado projeto civilizatório, em decorrência da transformação do ser humano, singular, em objeto de consumo, descartável, até mesmo nas relações interpessoais cotidianas.

A vida na sociedade líquido-moderna é uma versão perniciosa da dança das cadeiras,
jogada para valer. O verdadeiro prêmio nessa competição é a garantia (temporária) de
ser excluído das fileiras dos destruídos e evitar ser jogado no lixo (BAUMAN, 2007b, p.10).

Os relacionamentos virtuais são assépticos e descartáveis, e não exigem o compromisso efetivo de nenhuma das partes pretensamente envolvidas. Bauman define tanto as "práticas amorosas” virtuais como os relacionamentos afetivos marcados pelo gosto pela efemeridade pelo termo “relacionamento de bolso”, pois podemos dispor deles quando necessário e depois tornar a guardá-los (2004, p. 10).

Mesmo os relacionamentos mais antigos, aqueles em que o laço não é tão frouxo, dançam iludidos pela modernidade, onde é muito mais fácil descartar, bloquear e até deletar da sua vida pessoas que fazem parte de sua memória afetiva. Tornou-se mais simples colocarmos as cercas e muros com a rapidez do toque de um dedo. Foi para isso que lutamos? o que construímos? Para onde estamos indo?. Essas perguntas sempre existiram, só que nesse momento, a rede está mais estendida e o sofrimento ampliado.



Jô A. Ramos

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CURSO ALEGRIA DE VIVER-ACALMANDO A MENTE




Uma mente tranqüila e um coração alegre nos ajudam a viver com mais harmonia e felicidade. E nada melhor do que as instruções de um grande mestre como Yongey Mingyur Rinpoche para nos ensinar esse caminho em direção a um estado mais sereno e equilibrado.

Mingyur Rinpoche, autor do bestseller " A Alegria de Viver", é hoje um dos mais conhecidos e célebres mestres de meditação da nova geração de monges tibetanos. Seus ensinamentos, aliando clareza e bom humor, tem sensibilizado pessoas em diversos países do mundo, mostrando os métodos necessários para que qualquer um possa atingir esse equilíbrio interno.

O Curso Alegria de Viver – Acalmando a Mente é apropriado para pessoas de qualquer fé ou crença, proporcionando uma excelente introdução à meditação para alunos novos e uma oportunidade valiosa para aprofundar a prática para meditadores mais experientes.
O programa inclui vídeos gravados exclusivamente para esse curso por Mingyur Rinpoche e orientações ao vivo de Tim Olmsted, instrutor do Tergar Meditation Community.

Nos vídeos, Mingyur Rinpoche nos mostra como a meditação pode ajudar a criar uma mente tranqüila e um coração alegre. Com sua característica clareza e perspicácia, ele demonstra como usar qualquer situação, mesmo as que incluam dor física ou emoções difíceis, como uma porta para a paz interior.

Tim Olmsted é psicoterapeuta e instrutor do Tergar Meditation Community. Praticante de meditação desde 1977, viveu por 12 anos no Nepal, onde estudou com diversos mestres, inclusive Tulku Urgyen Rinpoche, pai de Mingyur Rinpoche. No momento ele é presidente do Fundação Pema Chodron, que apóia Gampo Abbey, o maior monastério budista da América do Norte. Tim tem viajado pelo mundo todo nos últimos 20 anos ensinando os princípios da meditação.

Em São Paulo, nos dias 19 e 20 de Novembro de 2011 (sábado e domingo), das 9 às 18hs: R$ 240,00 (Incluso taxa de inscrição, curso completo, almoços e coffee-breaks).
No Rio de Janeiro, nos dias 26 e 27 de Novembro de 2011 (sábado e domingo), das 9 às 18hs: R$ 280,00 (Incluso taxa de inscrição, curso completo, almoços e coffee-breaks).
Para maiores informações acesse: http://yongeybr.tripod.com

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mais 1 jornalista é assassinado na luta contra o tráfico no Brasil



A falta de segurança e estrutura dada aos profissionais em áreas de risco resultou em mais uma morte na cobertura policial em favelas cariocas. No início da manhã deste domingo (6/11), o repórter cinematográfico da TV Bandeirantes Gelson Domingos, de 46 anos, foi atingido com um tiro no peito enquanto fazia imagens de uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na favela de Antares, na Zona Oeste do Rio.

O repórter cinematográfico, que era obrigado a exercer também a função de motorista do veículo da emissora – contrariando todas as normas de segurança em áreas de risco –, avistou um homem correndo com fuzil próximo a um beco. Gelson procurou proteção junto a uma árvore, começou a gravar mas recebeu um tiro no peito – que perfurou o colete à prova de balas. Seu corpo ainda foi levado para a UPA do Cesarão, em Santa Cruz. Na incursão, ele estava acompanhando de um repórter da TV Bandeirantes. Segundo relatos de profissionais que também cobriam a operação, o tiroteio era intenso e as equipes ficaram protegidas atrás de um muro.


Colete de repórter cinematográfico era do tipo II-A


O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio teve acesso ao colete à prova de balas usado pelo repórter cinematográfico Gelson Domingos, morto no domingo com tiro no peito durante cobertura de operação policial na favela de Antares. É possível constatar que o equipamento é do tipo II-A.

Este tipo de indumentária protege contra tiros de armas como 9mm, com potencial bem abaixo dos fuzis usados em confrontos no Rio de Janeiro. Ao contrário do que a TV Bandeirantes afirmou, o equipamento não era do tipo III-A – que tem maior poder de defesa. “É de uma grande irresponsabilidade enviar um repórter para esta guerra urbana que vivemos no Rio com um equipamento deste tipo”, afirma o criminalista Nélio Andrade, que recebeu o colete através da família do jornalista.

O colete apresenta sinais de desgaste. Algumas inscrições não podem ser lidas a olho nu mas é possível verificar que a blindagem é 100% polietileno. A placa da parte da frente do colete, que foi perfurada, apresenta data de 2003. “A pessoa está completamente vulnerável com este equipamento”, diz o advogado. Conforme consta nas especificações na parte interna do material, o equipamento vence em outubro de 2013.

De acordo com o advogado, ainda nesta segunda-feira (7/11) o colete, que apresenta marcas de sangue e tem um pedaço de gaze preso ao velcro, iria ser entregue à Polícia Civil. O representante da família vai procurar a emissora. “A Bandeirantes mente quando informa que o colete era III-A “, completa o advogado.

Ainda sobre a nota da emissora, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro jamais propôs um curso de treinamento ministrado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), como diz o texto da TV Bandeirantes. O curso, organizado pelo Sindicato, foi dado pelo International News Safety Institute (Insi).

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

STÉPHANE HESSEL - INDGNAI-VOS




"NOVENTA E TRÊS anos. É a derradeira etapa. O fim não está longe."

A despeito do que pode sugerir a abertura de "Indignez-vous" ("Indignai-vos", Indigène Éditions), de Stéphane Hessel, a nova coqueluche da esquerda francesa não é a constatação nostálgica de uma vida que chega ao final, mas um convite à indignação.

Segundo sua editora, Sylvie Crossman, "ele convida à não cooperação com a financeirização do mundo, prega a desobediência civil a leis e reformas injustas, como a recente das aposentadorias".

Com o panfleto de 32 páginas que lançou em outubro, ao módico preço de 3 euros (menos de R$ 8), o nonagenário embaixador se transformou numa zebra da lista de mais vendidos francesa: já vendeu 1,3 milhão de exemplares, deixando para trás o prêmio Goncourt 2010, "La Carte et le Territoire" (O Mapa e o Território), romance de Michel Houellebecq.

O que poderia ser um fenômeno tipicamente francês --uma diatribe indignada contra a reforma do Estado e o capitalismo financeiro-- começa a transbordar pelas fronteiras da Europa.

Há edições previstas em Portugal, na Espanha (em espanhol, basco, catalão e galego), em países do Leste europeu, na Turquia, na Escandinávia,
na Coréia do Sul. No Brasil, deverá sair pela editora Leya, ainda sem previsão de data.

Em 23 de fevereiro, a revista semanal americana "The Nation" deverá publicar
o texto na íntegra (depois será lançado em livro).

FENÔMENO UNIVERSAL

"Ele vai se tornar um fenômeno universal porque a mensagem de Hessel é universal", diz Sylvie Crossman. Para ela, o autor é comparável ao líder indiano Mahatma Gandhi. "O embaixador Hessel é um homem livre, um partidário da não violência."

O engajamento do embaixador na causa palestina foi motivo de uma recente polêmica, quando uma conferência sua na École Normale Supérieure, um dos templos
da intelectualidade francesa, foi cancelada.

Num manifesto publicado no jornal "Libération" em janeiro, o filósofo Alain Badiou apontou como origem do cancelamento pressões do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França e de intelectuais como os filósofos Bernard-Henri Lévy e Alain Finkielkraut, de perfil direitista.

Em seu livro, Hessel defende as conquistas sociais trazidas pela Resistência logo depois da Segunda Guerra, como a previdência social, com um argumento simples: "Como pode haver falta de dinheiro hoje para manter e prolongar essas conquistas já que a produção de riquezas aumentou consideravelmente desde o fim da Guerra, quando a Europa estava arruinada?".

A política francesa de imigração,com "expulsões e suspeitas contra os imigrantes", também está na sua mira.

REAÇÕES

À direita, a reação ao panfleto de Hessel veio rápido --e de cima, o que prova que sua mensagem está longe de ser o benigno canto do cisne de um decano da esquerda gaulesa.

Embora o governo não seja explicitamente citado, o primeiro-ministro François Fillon, alinhado com o presidente Nicolas Sarkozy, vestiu a carapuça e saiu de sua habitual reserva para criticar: "A indignação pela indignação não é um modo de pensamento", disse ele no começo do ano.

À esquerda, a auto intitulada "insurreição pacífica" de Hessel parece trazer esperança para vencer os impasses de socialistas e comunistas franceses.

O embaixador está em todas as causas "subversivas" da França de hoje: a defesa dos sem-teto, dos imigrantes ilegais e da Palestina.

Engajou-se também no front ambiental, apoiando a candidatura do ex-líder de Maio de 68 Daniel Cohn-Bendit e de José Bové, líder agricultor antiglobalização, para o Parlamento Europeu de 2009, numa chapa verde.

Fez isso, segundo disse num comício, "para ver surgir uma esquerda impertinente que tenha peso na realidade política".

Num ponto, entretanto, Hessel concorda com Nicolas Sarkozy: "O ideal seria que o ex-presidente Lula se tornasse secretário-geral da ONU ", disse ele à Folha, ecoando as palavras do mandatário francês durante uma reunião do G-20 em Pittsburgh, nos EUA.

"Esse cargo é perfeito para ele", disse Hessel. Dilma Rousseff também o empolga: "Quem sabe ela não possa aprofundar as reformas sociais de Lula?".

Hessel vibrou quando a diplomacia brasileira reconheceu o Estado Palestino, gesto logo imitado por outros países sul-americanos.

AÇÃO

"Ele é de um otimismo e de um entusiasmo incríveis, sem ser ingênuo, nem utópico. Seu otimismo o leva à ação", garante a franco-suíça Christiane Hessel, 83, sua segunda mulher e companheira "full time".

Durante o encontro com a Folha, o telefone não parou de tocar com pedidos de entrevistas. O "Monsieur Droits de l'Homme" (Sr. Direitos Humanos), como o apelidou a imprensa, teve uma vida movimentada, conforme narrou o jornalista Jean-Michel Helvig no livro "Citoyen Sans Frontières" (Cidadão Sem Fronteiras, Fayard) e no
documentário alemão "Der Diplomat" (1994), de Antje Starost.

Membro da Resistência durante a Segunda Guerra Mundial, foi preso e torturado pela Gestapo, tendo sido enviado para os campos de concentração de Buchenwald e de Dora-Mittelbau.

Com o fim da guerra, participou da equipe de redatores da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), ao lado do brasileiro Oswaldo Aranha, do qual não tem lembranças específicas, embora ressalte sua importância.

Nascido em Berlim, em 1917, naturalizado francês vinte anos depois, Hessel é filho do romancista alemão Franz Hessel, de origem judaica, e de Helen Grund, de família protestante.
Em 1924, Helen deixou a Alemanha com o filho para viver na França com o escritor Henri-Pierre Roché. Franz e Henri-Pierre amavam a mesma mulher e com ela formaram um triângulo amoroso, eternizado no romance autobiográfico "Jules et Jim" e sobretudo na adaptação cinematográfica de mesmo nome, dirigida por François Truffaut (1962).

No filme, o filho de Helen (Jeanne Moreau) é uma menina, o que Christiane Hessel considera "bizarro". Em quase um século de vida, o diplomata se casou duas vezes: com a primeira mulher, teve dois filhos, Antoine e Michel, e uma filha, Anne,
todos os três médicos em Paris.

INTOCÁVEL

Hessel não é um embaixador francês comum, observa o secretário dos Direitos Humanos do governo FHC, Paulo Sérgio Pinheiro, "mas tem esse título, essa honraria que poucos têm, isso lhe dá um ar de 'intocável'".

Tão intocável que, durante uma viagem a Gaza e à Cisjordânia em 2002, a convite de pacifistas israelenses, logo depois da segunda intifada (levante palestino), cada vez que o ônibus era parado num "check point" na estrada para Ramallah, Hessel se levantava e declamava versos de seus poetas românticos preferidos, em alemão, em francês e em inglês. Quem lembra é Martin Hirsch, político francês de origem judaica que estava no grupo de 11 intelectuais franceses.

Desde aquela viagem, Hessel tornou-se um ardoroso defensor do Tribunal Russell para a Palestina (russelltribunalonpalestine.com), iniciativa da Fundação Bertrand Russell para a Paz, que procura defender as resoluções da ONU e promover a paz e a justiça no Oriente Médio.

O embaixador vai doar 100 mil euros dos direitos autorais do livro para o pagamento de juristas que trabalham no tribunal.

SEGREDO

Qual é o segredo de um livro de 30 e poucas páginas vender 1,3 milhão de exemplares em poucas semanas?

Para Paulo Sérgio Pinheiro, o êxito de Hessel foi "retomar o programa e os valores da Resistência da França depois da derrota do regime fascista de Vichy, momento de reconstrução da democracia democracia francesa, agora no século 21, numa conjuntura política em que o governo Sarkozy revigora o racismo, escorraça os imigrantes, persegue os ciganos, encarcera crianças em centros de detenção".

Pinheiro conheceu o embaixador em Bujumbura, capital do Burundi, em 1998, ambos em missão diplomática. A TV franco-alemã filmava um documentário sobre os 50 anos da Declaração Universal.

Num clima tenso, a comitiva e a equipe de filmagem jantavam ao ar livre, com o hotel sob ameaça de invasão pelos rebeldes. "Na sobremessa", lembra Pinheiro, "Hessel pediu licença para recitar 'Les Chimères', de Gérard de Nerval... e depois uns sonetos de Shakespeare. Todos nós ficamos maravilhados.

Fonte:Folha de São Paulo

domingo, 23 de outubro de 2011

SOMOS INFELIZES NO TRABALHO, É FATO. UMA REFLEXÃO COM PÁTRIA DEFINIDA: BRASIL


Grande parte dos brasileiros se declaram infelizes no trabalho: chefes prepotentes e grosseiros, excessos de trabalho e projetos engavetados, nenhuma perspectiva de melhora, vida pessoal em segundo plano. O perfil dos empregadores brasileiros é o pior possível.

Essa imagem que se vende do novo empresário, de chances maravilhosas no trabalho, de uma nova juventude e blá..blá..blá..é tudo marketing. O Brasil ainda está no séc 10 quando se trata de valorização da pessoa e da mão de obra.

Temos um exército de pessoas indo com raiva ao trabalho e por isso adoecendo. Ainda estamos na idade da pedra nas relações patrão/empregado, e com isso, intensificando a rivalidade, a competitividade e o ódio entre nós pobres mortais.O capitalismo se renova as custas da depressão humana, mas, no Brasil é ainda pior.

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, de 86 anos, é considerado um dos pensadores que mais produz obras que refletem os tempos contemporâneos, vê nos sinais de exaustão do capitalismo, não o fim, mas um novo começo para um sistema que elogia pelo que classifica como uma capacidade fabulosa de ressurreição e regeneração, ainda que algo bastante comum aos parasitas do mundo animal - organismos que se alimentam de outro organismo, até a quase completa exaustão do seu hospedeiro, quando o parasita encontra outra criatura da qual se alimentar, deixando para trás uma trilha de destruição.

Concordo plenamente, a comodificação de todos os setores de nossa vida está ligada ao crescimento do cunsumo/mercado e isso reflete nos nossos desejos que são transformados em necessidades pela economia capitalista. É o capitalismo avançando com o que se pode chamar de destruição criativa do sistema. Estamos eternamente no impasse em como ajustarmos sobrevivência e realização.

domingo, 18 de setembro de 2011

Tony Bennett & Amy Winehouse - Body And Soul

MARAVILHOSA!!!AMO ESTA MÚSICA. SAUDADES DE AMY...

Ocupar Wall Street: Protestos de massa chegam aos EUA

“A polícia exigiu falar com o líder. Respondemos que não havia líder”
Por Idelber Avelar [18.09.2011 08h05]

Não foi uma multidão de proporções egípcias mas, para o contexto dos EUA, é extremamente significativo e ela promete não ir embora. Começou a ocupação de Wall Street. Alguns poucos milhares de pessoas saíram às ruas, neste sábado, no sul da ilha de Manhattan, o coração do capital financeiro dos EUA. Elas prometem permanecer lá e muitos apostam que a concentração vai crescer neste domingo. Completamente ignorada pela mídia televisionada e impressa, o movimento se articulou pela internet. Convocada pelo movimento Ocupar Wall Street, dentro do qual se faz presente o Anonymous, a manifestação inclui uma série de demandas que há muito tempo não eram vistas na esfera pública estadunidense:



1.Que os protestos continuem ativos nas cidades. Que cresçam, se organizem, se conscientizem. Nas cidades em que não há protestos, que eles sejam organizados e quebrem o sistema.

2.Convocamos os trabalhadores não apenas a entrar em greve, mas a tomar coletivamente os seus locais de trabalho e organizá-los democraticamente. Convocamos professores e alunos a agirem juntos e a lecionar democracia, não apenas os professores aos alunos, mas os alunos aos professores. Ocupem as salas de aula e libertem as cabeças juntos.

3.Convocamos os desempregados a se apresentarem como voluntários, a aprenderem, a ensinarem, a usarem as habilidades que tenham para se sustentarem como parte da comunidade popular que se revolta.

4.Convocamos a organização de assembleias populares em cada cidade, cada praça, cada câmara municipal.

5.Convocamos a ocupação e o uso de prédios abandonados, de terras abandonadas, de todas as propriedades ocupadas e abandonadas pelos especuladores, para o povo e para cada grupo que organize o povo.



Mostrando que a democracia dos EUA já não é a mesma, a polícia bloqueou os quarteirões de Wall Street que ficam entre as ruas Broadway e William. Não houve grandes distúrbios neste sábado, mas a polícia nitidamente se confundiu com o caráter descentralizado da manifestação. Vários presentes relataram que era insistente a demanda “queremos falar com o líder”, ante a qual a resposta recebida era invariavelmente “não há líder”.

Há um total blecaute midiático sobre o movimento. Fox News, CNN e MSNBC, os três principais canais de notícias da TV a cabo, não noticiaram nada. As quatro principais emissoras da TV aberta, ABC, CBS, FOX e NBC, também não. Na seção de tecnologia de seu site, a CNN deu uma bizarra matéria que dizia que o movimento "tentava imitar o Irã". O New York Times não deu uma linha no jornal propriamente dito, mas só uma notinha no blogue.

Na noite de sábado, a assembleia popular decidiu passar a noite lá e, neste domingo, espera-se a chegada de mais gente. Muitos manifestantes falam em permanecer em Wall Street durante semanas ou meses, num grito de revolta contra o capital financeiro. Na segunda-feira, evidentemente, a polícia já não terá como fechar Wall Street, e é nisso que o movimento aposta.

Há algumas fontes para acompanhar esse auspicioso acontecimento. A tag no Twitter é #OccupyWallStreet. Neste domingo, deve se reiniciar a transmissão ao vivo do protesto no site do Global Revolution. Também deve haver streaming todo o dia no AdBusters, que é parte da organização. O Anonymous está postando vídeos. A pequena cadeia de televisão de Washington RT Television está cobrindo o evento. Também há notícias e vídeos no Scoop it.

Dada a acumulação de revolta contra o capital financeiro nos EUA, o movimento tem muito potencial para crescer. Pode ser que fique interessante a coisa.

FONTE: REVISTA FÓRUM

domingo, 11 de setembro de 2011

Ken Loach traça um paralelo entre o 11 de setembro e o 11 de setembro de 1973 no Chile, muito bom!!

11 diretores foram convidados para fazer um filme sobre a queda das torres gêmeas em 11 de setembro. Essa é a brilhante contribuição de Ken Loach. 30 mil chilenos foram assassinados pelos Estados Unidos no dia 11 de setembro de 1973. O mesmo mo 11 de setembro. O que você acha disso?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Entrevista sobre meu documentário MULHERES BENDITAS

Leiam matéria sobre meu documentário MULHERES BENDITAS, na Revista de História da Biblioteca Nacional de setembro.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

domingo, 7 de agosto de 2011

COMEMORAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DO RINPOCHE-12 DE AGOSTO 2011




Na sexta-feira dia 12 de agosto, comemoraremos o aniversário de S. Ema. Chagdud Tulku Rinpoche(1930-2002) com um tsog. Faremos um tsog de Chuva de Bençãos, todos estão convidados! Não é necessário iniciação.O tsog é uma elaborada cerimônia do Budismo Tibetano que utiliza alimentos e bebidas de diferentes sabores como objeto de meditação e purificação.



“Ao longo de minhas muitas vidas e até este momento, todas as virtudes que eu tenha alcançado, inclusive o mérito gerado por esta prática e todas as que vier a conseguir, ofereço para o bem-estar dos seres sencientes. Possam a doença, fome, guerra e sofrimento diminuir para todos os seres enquanto sua sabedoria e compaixão aumentam nesta e em vidas futuras. Possa eu rapidamente alcançar a iluminação para trabalhar sem cessar pela liberação de todos os seres.”

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

HOJE SE COMEMORA OS 2600 ANOS DE ENSINAMENTOS DE BUDA SHAKYAMUNI



Há exatamente 2600 anos, Buda Shakyamuni manifestou a Iluminação completa sob a árvore Bodhi, em Bodhigaya. O que Buda descobriu foi um estado tão sublime, extraordinário e além de explicação que não parecia ser possível explicá-lo a ninguém mais.


"Eu descobri um estado que é como néctar, como Ambrosia;
Profundo, pacífico, simples, não-composto, radiante.
Se eu tentar explicá-lo, ninguém entenderá.
Por isto é melhor que eu fique sozinho, meditando na floresta"
---- Buda Shakyamuni

Por sete semanas após sua Iluminação, Buda não ensinou. Mas encorajado por Indra e Brahma, quarenta e nove dias depois ele finalmente caminhou de Bodhigaya até Sarnath, perto de Varanasi, e deu seu primeiro ensinamento. Este dia é comemorado hoje, no festival chamado Chokhor Duchen, o Primeiro Giro da Roda do Dharma.

"Como mágica, como uma miragem, como um sonho,
como a lua refletida na água, como um eco;
assim é a Roda do Dharma girada pelo Protetor do Mundo"
---- Lalitavistara Sutra

No dia de hoje, 3 de Agosto de 2011, comemoramos 2600 anos do primeiro ensinamento de Buda. Neste dia, é dito que os efeitos das ações positivas ou negativas são multiplicados por 10 milhões, ou 100 milhões.

Depois, em outras ocasiões, Buda girou a Segunda e a Terceira Roda do Dharma, dando origem aos ensinamentos de Prajñaparamita e do Tathagatagarbha. É graças à infinita compaixão e bondade de Buda em girar a Roda do Dharma que as pessoas neste mundo têm a possibilidade de seguir um caminho espiritual, praticar estes ensinamentos e alcançar um estado além de todo sofrimento.


Quatro "Grandes Ocasiões"

No Budismo Tibetano, são comemoradas quatro "Grandes Ocasiões", ou "Duchen", que marcam os quatro grandes feitos de Buda Shakyamuni. O primeiro deles é o Chötrul Duchen, que cai na primeira lua cheia do ano lunar tibetano. Neste período, é dito que Buda manifestou um milagre por dia durante 15 dias para motivar seus discípulos. O segundo festival é o conhecido Saga Dawa, que comemora a iluminação, nascimento e parinirvana de Buda. O terceiro é o Chökhor Duchen, que comemora o primeiro ensinamento de Buda, sobre as Quatro Nobres Verdades e o Caminho Óctuplo, que são a base do Hinayana. O quarto festival é o Lhabab Duchen, que celebra o dia em que Buda desceu do reino dos devas, onde foi ensinar os seres celestiais, e voltou ao mundo humano.

Nestes dias, é dito que os efeitos das ações positivas e negativas são multiplicados por 10 milhões ou 100 milhões.

Fonte:Hoje no Lhundrubling, em São Paulo, comemoraremos esta data muito especial com uma Ganapuja, às 20h00.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

AMY WINEHOUSE, MEUS SENTIMENTOS. SEM JULGAMENTOS.




AMY CRIANÇA.


Um dos mais importantes de todos os ensinamentos espirituais é a necessidade de sentir a dor dos outros como se fosse nossa de verdade. Isso pode soar simples e familiar, mas não é nem um, nem outro. É primordial para compreendermos como estamos distantes desse nível espiritual, para que saibamos quanto mais precisamos nos desenvolver.

Todos nós possuímos um sentimento inato natural de compaixão quando escutamos falar dos problemas dos outros. Mas existe uma grande distância entre esse sentimento de compaixão e realmente sentir a dor de outra pessoa como se fosse nossa.

Mesmo quando se trata de pequenas doenças como uma gripe, um resfriado ou uma dor de estômago – que todos nós já sentimos – não é fácil para nós despertar sentimento pela dor e o desconforto dos outros como se fossem nossos. E isso é muito mais verdadeiro quando alguém está passando por um desafio ainda maior, um desafio que nunca tenhamos enfrentado.

Vocês devem estar se perguntando por que precisamos desenvolver esse sentimento cada vez mais forte pela dor dos outros.

Um dos motivos é ‘alimentar a máquina’ que conduz nosso crescimento espiritual e nosso desejo de ajudar o mundo. Se nosso desejo pelo crescimento espiritual for limitado pela nossa própria necessidade de plenitude, então quando nos sentirmos felizes ou em uma posição espiritual relativamente boa, nossa motivação para o trabalho espiritual e para ajudar os outros diminuirá. Mas se continuarmos a aumentar o nosso desejo de sentir a dor do outro como nossa própria dor, podemos ter uma fonte inesgotável de determinação para aumentar sempre o nosso trabalho espiritual.

É claro que podemos estar confortáveis neste momento, mas e os milhões de pessoas que estão sofrendo ao nosso redor? Ligue sua televisão, leia as estatísticas sobre doenças, as taxas de suicídio, os números crescentes de desemprego. Nosso trabalho pode e deve ajudar incontáveis pessoas, e precisamos apreciar esse nosso poder, não importa onde estejamos na cadeia da vida. Quando nos transformamos, influenciamos o quantum de transformação.

Outro motivo para desenvolver nossa capacidade de sentir a dor do outro é puramente auto motivacional. Sentir a dor dos outros é a natureza do Criador. E existe uma lei espiritual que diz que quando agimos como o Criador, experimentamos a Luz do Criador. Em outras palavras, recebemos mais da abundância e prosperidade que buscamos todos os dias em nossa vida.

Não posso reenfatizar o suficiente a importância desse ensinamento, e muitas pessoas podem achar que conhecem essa verdade espiritual. Mas todos nós temos que nos perguntar: “Será que eu realmente sinto a dor da outra pessoa?” Adquira o hábito de fazer esta pergunta cada vez que uma situação o confrontar – com seus amigos, familiares e com as pessoas com quem você interage no dia a dia.

Esta semana, encontre alguém cuja dor, cujo peso você possa assumir. Imagine o nosso mundo com um pouco menos de dor e multiplique isso por seis bilhões. Você pode aliviar esta carga.

Fonte:
Yehuda Berg

segunda-feira, 4 de julho de 2011

ADORO OS DIAS DE CHUVA


Que dia lindo!!!adoro chuva!!! chove no Rio e minha janela chora!!


Amo os dias de chuva, lembro da minha infância; do cheiro de café, pão quente, família, filho, ovos fritos com queijo, banana frita com canela e açúcar, bolo no forno e o cheiro invadindo a casa...aí! minha vida pela janela da minha memória...indo e eu assistindo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

ORAÇÃO POR MINHA MÃE PARA BUDA!


Venerável Mestre Hsing Yün

Ó grande e compassivo Buda!
Hoje, com todo respeito, venho aqui,
reverenciar-Te, rogando a Tua benção para
a minha mãe.
Pois, se ela não tivesse se dedicado e se
esforçado para alimentar-me, nutrindo o
meu corpo como poderia eu ter crescido?
Se não fosse pela atenção e cuidado
dispensados, por ela, na orientação do meu
aprendizado, como poderia eu ter sido
educado?

Os nobres sentimentos de minha mãe são
como a mais alta montanha; sua dedicação
incondicional é como o mais profundo dos
mares.
Por ela ser tudo o que é, não posso deixar
de agradecê-la, um momento sequer.

Ó grande e compassivo Buda!
Por favor, abençoa a minha mãe
para que ela tenha saúde,
orienta-a em seu caminho,
faze com que ela compreenda a
Lei de Causa e Efeito,
faze com que ela desperte a
mente bodhi, em si.

Ó grande e compassivo Buda!
Gostaria de dizer-Te:
Minha mãe tem uma vida atribulada:
preocupa-se com a família,
sacrifica-se pelos filhos,
mas, na verdade, deveria de tudo isso se
desapegar, pois cada um dos seus filhos
seguirá o seu próprio caminho, o que a
impedirá de cuidar deles para sempre.
Somente ao observar as Causas e Condições,
deixando de sofrer, ela poderá viver
livremente despreocupada.

Ó grande e compassivo Buda!
Mesmo não tendo talento ou habilidade
alguma, que me pudessem comparar aos
grandes sábios do passado, ainda assim,
seguirei deles o exemplo, esforçando-me e
praticando, diligentemente, para divulgar o
Darma e libertar os seres sencientes.

Ó grande e compassivo Buda!
Faço o voto de não esmorecer, agindo
sempre com disposição e persistência e, que
com esta promessa tão singela, eu possa
externar a minha devoção filial.
Que minha mãe possa, vida após vida,
jamais renascer em reinos inferiores e dos
kleshas se afastar.
Que ela possa, ainda, renascer quando um
Buda entre nós estiver, para poder ouvi-Lo.
Que ela esteja sempre sob a Tua proteção,
estabelecendo bons vínculos com todos,
para que, juntos, trilhem o caminho de
bodisatva.

Ó grande e compassivo Buda!
Peço, por favor,
Recebe esta minha sincera oração!
Recebe esta minha sincera oração!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

PRECE DO BODHISATTVA



Através do mérito das ações virtuosas
que realizei e irei realizar
possam todos os seres sencientes aspirar
à mais alta iluminação.

Que todos os seres sencientes possam ter faculdades cristalinas,
Livramento de todas as condições de opressão,
Liberdade de ação,
E engajamento no modo de vida correto.

Também possam todos os seres sencientes
Ter jóias em suas mãos,
E possam todas as necessidades ilimitadas da vida permanecer
Dormentes enquanto houver existência cíclica.

Possam todas as pessoas de todos os tempos
Nascer de maneira vantajosa.
Possam todos os seres sencientes ter
A inteligência da sabedoria e as pernas da moralidade.

Possam todos os seres sencientes ter compleição prazeirosa,
Bom físico e grande esplendor,
Aparência agradável, distância da doença,
Força e longa vida.

Possam ser todos hábeis nos meios de extinguir o sofrimento
E ter a liberação de toda dor,
Inclinação à prática espiritual,
E grande abudância de ensinamentos espirituais.

Possam eles ser adornados por amor, compaixão, alegria,
Mente serena sem emoções aflitivas,
Generosidade, moralidade, paciência, esforço,
Concentração e sabedoria.

Completando as duas coleções de mérito e sabedoria,
Possam eles, fisicamente, ter traços brilhantes e belas características,
E possam eles cruzar sem interrupção
Todo o percurso do desenvolvimento espiritual

Possa eu também ser adornado completamente
Com essas e todas as outras boas qualidades,
Ser libertado de todos os defeitos,
E ter amor superior por todos os seres sencientes.

Possa eu aperfeiçoar todas as virtudes
Pelas quais todos os seres sencientes têm esperança,
E possa eu sempre aliviar
O sofrimento de todos os seres corporificados.

Possam aqueles seres de todos os mundos
Que estão aflitos em medo
Se tornar totalmente corajosos
Mesmo apenas por ouvir meu nome.

Por me ver ou pensar em mim ou apenas escutando meu nome
Possam todos os seres alcançar grande alegria,
Naturalmente livres do erro,
Decididamente em direção à completa iluminação,

E às cinco clarividências
Através do seu fluxo de vidas.
Possa eu sempre, de todas as maneiras, trazer
Ajuda e felicidade a todos os seres sencientes.

Possa eu sempre, sem causar danos,
Simultaneamente parar
Todos os seres de todos os mundos
Que queiram cometer ações negativas.

Possa eu sempre ser um objeto de alegria
Para todos os seres sencientes de acordo com seu desejo
E sem interferência, como o são a terra,
Água, fogo, vento, ervas e florestas selvagens.

Possa eu ser tão querido aos seres sencientes como suas próprias vidas,
E possam eles ser ainda mais queridos a mim.
Possam suas ações negativas frutificar em mim,
E todas as minhas virtudes frutificar neles.

Enquanto houver um único ser senciente,
Em qualquer lugar, que não esteja liberto,
Possa eu permanecer no mundo, para o bem desse ser
Embora eu tenha alcançado a mais alta iluminação.

Se o mérito de dizer isso
Tivesse forma, ela nunca caberia
Em conjuntos de mundos tão numerosos
Quanto os grãos de areia do Rio Ganges.

O Iluminado assim disse,
E a razão disso é:
A infinitude do mérito de desejar ajudar infinitos reinos
De seres sencientes é como a infinitude desses seres.

domingo, 12 de junho de 2011

DADI JANKI-A MENTE MAIS ESTÁVEL DO MUNDO

DADI JANKI

"Fraternidade significa entender que um grito de dor é igual em todas as línguas, e o mesmo se aplica a um sorriso".





Uma ioguina indiana, Dadi Janki, de 86 anos, foi considerada pelo Instituto de Pesquisa Médica e Cientifica da Universidade do Texas,como a "mente mais estável do mundo", porque mesmo testada em situações tensas e perigosas, seu eletroencefalograma marcou a presença constante de ondas delta, as ondas mais positivas e lentas produzidas pela atividade cerebral.

Ela recebeu da ONU o título, muito raro de ser concedido, de Guardiã do Planeta, por seu trabalho em prol de mentes mais livres e pacíficas.


Quando lhe perguntaram, em sua visita a São Paulo, a receita de uma mente tão tranqüila e sem pesos, ela respondeu:

"Muito amor no coração por todos e nenhum apego por ninguém, tentar não prejudicar pessoa alguma minimamente e eliminar da mente qualquer pensamento negativo, fazendo um exercício diário e ter a certeza de que não estamos aqui à-toa, mas para cumprir o destino da evolução. Que somos caminhantes, sem dependências ou estabilidades. Quem não percebe isso se torna escravo do desnecessário e polui a mente".