segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mais 1 jornalista é assassinado na luta contra o tráfico no Brasil



A falta de segurança e estrutura dada aos profissionais em áreas de risco resultou em mais uma morte na cobertura policial em favelas cariocas. No início da manhã deste domingo (6/11), o repórter cinematográfico da TV Bandeirantes Gelson Domingos, de 46 anos, foi atingido com um tiro no peito enquanto fazia imagens de uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na favela de Antares, na Zona Oeste do Rio.

O repórter cinematográfico, que era obrigado a exercer também a função de motorista do veículo da emissora – contrariando todas as normas de segurança em áreas de risco –, avistou um homem correndo com fuzil próximo a um beco. Gelson procurou proteção junto a uma árvore, começou a gravar mas recebeu um tiro no peito – que perfurou o colete à prova de balas. Seu corpo ainda foi levado para a UPA do Cesarão, em Santa Cruz. Na incursão, ele estava acompanhando de um repórter da TV Bandeirantes. Segundo relatos de profissionais que também cobriam a operação, o tiroteio era intenso e as equipes ficaram protegidas atrás de um muro.


Colete de repórter cinematográfico era do tipo II-A


O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio teve acesso ao colete à prova de balas usado pelo repórter cinematográfico Gelson Domingos, morto no domingo com tiro no peito durante cobertura de operação policial na favela de Antares. É possível constatar que o equipamento é do tipo II-A.

Este tipo de indumentária protege contra tiros de armas como 9mm, com potencial bem abaixo dos fuzis usados em confrontos no Rio de Janeiro. Ao contrário do que a TV Bandeirantes afirmou, o equipamento não era do tipo III-A – que tem maior poder de defesa. “É de uma grande irresponsabilidade enviar um repórter para esta guerra urbana que vivemos no Rio com um equipamento deste tipo”, afirma o criminalista Nélio Andrade, que recebeu o colete através da família do jornalista.

O colete apresenta sinais de desgaste. Algumas inscrições não podem ser lidas a olho nu mas é possível verificar que a blindagem é 100% polietileno. A placa da parte da frente do colete, que foi perfurada, apresenta data de 2003. “A pessoa está completamente vulnerável com este equipamento”, diz o advogado. Conforme consta nas especificações na parte interna do material, o equipamento vence em outubro de 2013.

De acordo com o advogado, ainda nesta segunda-feira (7/11) o colete, que apresenta marcas de sangue e tem um pedaço de gaze preso ao velcro, iria ser entregue à Polícia Civil. O representante da família vai procurar a emissora. “A Bandeirantes mente quando informa que o colete era III-A “, completa o advogado.

Ainda sobre a nota da emissora, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro jamais propôs um curso de treinamento ministrado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), como diz o texto da TV Bandeirantes. O curso, organizado pelo Sindicato, foi dado pelo International News Safety Institute (Insi).

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