terça-feira, 3 de abril de 2012

XINGU - O FILME-CRÍTICA

Três irmãos e um único destino: preservar vidas, as indígenas. É assim que vejo a missão dos Villas-Bôas, abrindo a mata, cortando estradas, cruzando rios e se defrontando com a morte diariamente. O filme gira sobre uma ótica: para alguém viver, muitos morrerão e foi assim na construção do Parque Nacional do Xingu em 1961, um parque ecológico e uma reserva indígena do tamanho da Bélgica.











Os irmãos Villas-Bôas se alistam na Expedição Roncador-Xingu e partem para desbravar a área Central do Brasil iniciando pela travessia do Rio das Mortes. Já nessa cena vemos a maravilhosa fotografia de Adriano Goldman, com uma luz que só os deuses criam. A mão firme do Cao Hamburger segura o filme do início ao fim, mantendo a tensão e o clima de luta quase como uma narrativa, é a alma do filme.

" Nós somos o antídoto e o veneno" essa é a frase dita pelo ator Jõao Miguel que vive um dos irmãos(Claudio Villas-Bôas) dando o tom e a cor do que vem pela frente. Mortes, doenças e traições políticas. Jõao Miguel é um ator extraordinário e se destaca de imediato pela atuação, deu um show de interpretação. Carregou todas as emoções do personagem e da trama e despejou na tela.

Os atores Felipe Camargo e Caio Blat se equilibram na interpretação limpa e correta, dosando emoção e ternura, e por falar nisso, vale dizer que o afeto está sempre presente naquele ambiente hóstil e perigoso onde a morte ronda e está sempre a espreita de alguém.

O filme é fiel a história real com uma ressalva, senti falta de ver na tela uma presença mais forte da mulher indígena e da companheira de Orlando, vivido pelo ator Felipe Camargo, a enfermeira Marina Villas-Bôas. Marina, interpretada pela atriz Maria Flor passa pelo filme sem voz, quase invisível, conheceu o Orlando em um consultório médico, e, como precisava de uma enfermeira para a expedição que chefiava resolveu convidá-la. Ela aceitou participar e ficou cerca de 15 anos trabalhando pela missão indígena. "Nesse tempo contraíu malária 15 vezes e Orlando pelo menos umas 200”, conforme diz. Marina chegou ao parque do Xingu em 1963 e logo no início enfrentou uma epidemia de gripe, além de cuidar de muitos casos de malária. "Os índios tinham o organismo puro, e pegavam com facilidade as doenças de branco, mas conseguimos êxito rapidamente".


Os Villas Bôas contribuíram para preservar vidas humanas e a cultura indígena. Garantiram a sobrevivência de nações inteiras no Parque Nacional do Xingu ao consolidá-lo como espaço, com a orientação humanista do marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, e o apoio do antropólogo Darcy Ribeiro e do sanitarista Noel Nutel. Foram indicados para o prêmio Nobel da Paz em 1976.

Sem ter completado o segundo grau, a vivência no Xingu permitiu que Orlando publicasse, em co-autoria com seu irmão Cláudio, 12 livros e inúmeros artigos em jornais e revistas internacionais, como a National Geographic Magazine.

Jô A. Ramos




FICHA TÉCNICA



Direção: Cao Hamburger
Produção: Fernando Meirelles, Andrea Barata Ribeiro,
Bel Berlinck
Roteiro: Elena Soarez, Cao Hamburger, Anna Muylaert
Direção de Fotografia: Adriano Goldman, ABC
Direção de Arte: Cassio Amarante
Produção de Elenco: Patricia Faria, Cecília Homem de Mello
Produção de Elenco Indígena: Francisco Accioly
Montagem: Gustavo Giani
Música: Beto Villares
Supervisão de Pós Produção: Hugo Gurgel
Desenho de Som e Mixagem: Alessandro Laroca,
Eduardo Virmond Lima, Armando Torres Jr.
Som Direto: Paulo Ricardo Nunes
Figurino: Verônica Julian
Caracterização: Anna Van Steen
Diretor de Produção: Marcelo Torres
Diretora Assistente: Márcia Faria
Produtora Executiva: Bel Berlinck, Andrea Barata Ribeiro
Empresa Produtora: O2 Filmes
Co-produção: Globo Filmes
Distribuição: Downtown Filmes, Sony Pictures e RioFilme
Elenco: João Miguel (Claudio Villas Boas),
Felipe Camargo (Orlando Villas Boas),
Caio Blat (Leonardo Villas Boas), Maiarim Kaiabi (Prepori)
Awakari Tumã Kaiabi (Pionim), Adana Kambeba (Kaiulu)
Tapaié Waurá (Izaquiri), Totomai Yawalapiti (Guerreiro Kalapalo)
Participação Especial: Maria Flor (Marina),
Augusto Madeira (Noel Nutels), Fabio Lago (Bamburra)

10 comentários:

  1. Dá vontade de ver o filme, depois que se lê sua crítica. Grande beijo e parabéns pelo texto rico, Solange de Paula.

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    1. Querida amiga, o filme é muito bom e obrigada por ter gostado do texto amada!! saudades de ti!!!bjs, Jô

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  2. Eu então que acompanho documentários das tvs por assinatura tudo sobre indígenas... Orgulhosa da amiga cupiana!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Oi Gilce querida, obrigada de todo coração pela gentileza. Vá ver o filme e depois me diga o que achou, bjs

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  5. Assisti ao fime, que é bom. Mas, como muitos desconhecem a obra dos irmãos Villas, creio que o filme não terá grande bilheteria, a não ser que façamos uma propaganda pela net, pois o filme é importante para os jovens, principalmente, os estudantes. Direitos Humanos, Meio Ambiente, História,Geografia,etc.

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  6. Tem gente confundindo o ator joão Miguel com o Caco ciocler, que também é um bom ator.

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  7. Depois desta brilhante e instigante crítica irei ver o filme de qualquer jeito. Beijosss

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  8. Fátima querida vá ver correndo antes que saia de cartaz, bjs.

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  9. Nelio Ferreira Lima8 de abril de 2012 às 12:11

    Jô querida, parabéns pela clareza do texto e pela bela crítica, é o tipo de coisa que dá orgulho aos amigos. Sucesso pra vc e pro cinema nacional!! Beijos

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