JUDI DENCH - IRIS

Acabei de assistir IRIS com a maravilhosa atriz inglesa Judi Dench. O filme é baseado na vida da escritora e folósofa irlandesa Iris Murdoch, que foi uma das mulheres mais influentes e libertárias da década de 50, e que de uma hora para outra foi acometida pelo Mal de Alzheimer e lutou contra a doença durante 40 anos. Iris teve sempre ao seu lado a figura do marido John Bailey (vivido pelo ator Jim Broadbent, que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante de 2002) e foi seu grande parceiro até a morte. A atriz Kate Winslet faz a escritora na fase jovem e consegue dar leveza ao personagem, ao mesmo tempo em que transmite o espírito denso e libertino da autora.

Fiquei pensando, o que faz a vida ser tão cruel ao ponto de nos tornar um vegetal sem lembranças, sem presente, sem nada? onde ficam os sonhos, tudo que realizamos? não ficam, partem como se nunca tivessem existido. Somos jogados no mundo e a questão é: vamos ou não vamos jogar o jogo? e se a resposta for sim, que seja rápida no jogo porque ele pode acabar tão rápido como quando começou.

Eu destacaria o companheirismo de Bailey como ponto alto do filme. A compreensão da alma de Iris, da mente, dos anseios e da vida libertária que ela teve. Se por qualquer outra razão a vida não tivesse valido à pena já teria sido um sucesso para ela, o fato de ter conhecido e vivido com ele. Um homem que realmente leu seus pensamentos, seu mundo oculto e seu amor pelas palavras e os entendeu. Não só leu, mais que isso, aceitou seus amores secretos cuidando para que eles fossem quase que protegidos. Uma bela história de vida, com final triste, mas, não se pode ter tudo, não é?

" A educação não faz você feliz. E tampouco a liberdade. Não nos tornamos felizes somente porque somos livres, se somos. Ou por termos sido educados, se formos. Mas porque a educação pode ser o meio pelo qual percebemos que somos felizes....... Ela abre nossos olhos, nossos ouvidos. Nos conta onde as maravilhas estão secretamente nos esperando. Nos convence de que só existe uma liberdade que realmente importa: a da mente. E nos dá a segurança, a confiança para trilhar o caminho que nossa mente, nossa mente educada, oferece". IRIS MURDOCH.

Jô A. Ramos