domingo, 4 de janeiro de 2009

DAVE EGGERS- ESCRITOR, JORNALISTA E FILANTROPO- UM GÊNIO!!!



Destaque da nova geração, Dave Eggers lança livro sobre refugiado sudanês
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Dave Eggers, de 38 anos, é o maior agitador literário doos Estados Unidos. Quando tinha 21 anos, Dave Eggers perdeu o pai e a mãe quase simultaneamente, num espaço de poucas semanas, ambos vítimas de câncer.

Órfão, teve de cuidar do irmão de apenas oito anos. Ao luto e à carga de responsabilidade repentinos, porém, o rapaz reagiu de modo bastante original.


Dave Eggers, autor de "O Que É o Quê", livro que conta a história de um refugiado sudanês, escreveu também, "Uma Comovente Obra de Espantoso Talento" (de 2000, lançado aqui pela Rocco), em que contou como atravessou esse período. Trata-se de um livro de memórias um tanto triste, porém dotado de um humor sofisticado.

Com ele, Eggers projetou-se como um dos principais autores de uma talentosa geração da literatura norte-americana que brotou no início desta década.

Três anos depois, o escritor deu de cara com outro jovem, talvez tão perdido quanto ele naquele episódio. Valentino Achak Deng, então com 22 anos, tinha também vivido um trauma gigantesco. Sua tragédia pessoal e sua origem, porém, eram bem diferentes.

Valentino era um dos Lost Boys (garotos perdidos), nome com que ficou conhecido o grupo de 20 mil meninos sudaneses que deixaram os vilarejos onde viviam, no sul do Sudão, nos anos 80. Seus lares haviam sido destruídos durante uma das guerras civis de seu país.

Dali caminharam até a Etiópia, e depois para o Quênia. Aos sobreviventes dessa dura viagem foi oferecido um abrigo nos EUA, em 2001.

Uma vez em solo norte-americano, o sudanês quis ter sua história retratada num livro, para deixar registrados os horrores por que passara.

Foi apresentado a Eggers, que achou que a tarefa seria fácil. Que bastaria entrevistar Valentino e transpor seu depoimento para o papel. O escritor pensou em fazê-lo de modo jornalístico. E imaginou que o terminaria em cerca de um ano.

Só que as coisas foram ficando mais difíceis quando Eggers percebeu que a memória do africano não era o suficiente para reconstruir sua trajetória.

Muitos dos momentos mais dramáticos de sua vida, como o ataque à sua aldeia, tinham acontecido quando ele era ainda uma criança, e suas lembranças, não muito claras.

O que era para ser um relato de não-ficção, então, passou a necessitar de complementos ficcionais. "O Que É o Quê? - Autobiografia de Valentino Achak Deng", que acaba de sair pela Companhia das Letras, se transformou assim num romance não-ficcional, ou um relato jornalístico romanceado.

Em entrevista à Folha, por e-mail, Eggers, 38, descreveu como foi o processo de redação do livro, que acabou levando quatro anos para ser finalizado.

"Ele me falava sobre um episódio, e eu tentava tirar daí tudo o que pudesse lembrar. Fiz pesquisas para que o contexto ficasse acurado, checando fatos e cronologia. Depois, como as recordações de certos eventos eram poucas, tentei "criar vida", inventando diálogos."

Tudo que era fruto da imaginação do romancista ia parar nas mãos de Deng, para que comentasse e aprovasse a ficção em que o relato estava se transformando. Além das largas conversas ao vivo e via e-mail, os dois viajaram ao Sudão, quando Deng reencontrou os pais em sua aldeia, Marial Bai.

"O Que É o Quê?" narra não só o terror vivido por Deng, mas também os poucos bons momentos de humor e diversão durante a longa jornada.

Além disso, as dificuldades materiais e de assimilação depois que chegou aos EUA. Quando o livro começa, Deng é atacado e roubado por bandidos em sua casa, em Atlanta.

Lançado nos EUA em 2006, o livro tem seus lucros voltados para a Fundação Valentino Achak Deng. Entre seus empreendimentos, está a construção de uma escola no vilarejo natal do sudanês. "Ele mesmo está supervisionando a obra, que será inaugurada em abril para 450 estudantes."

Filantropia

Relatar a história de Deng não é a única boa ação do currículo de Eggers. O escritor também tem uma editora, a McSweeney's, dedicada a produção independente, e uma rede de escolas de escrita, espalhada por sete cidades norte-americanas-o 826 Valencia. Ele mesmo, pessoalmente, dá aulas nelas.

"Eu preciso desses objetivos para me sentir bem. Necessito ensinar, interagir com jovens, para manter o meu equilíbrio. Lemos literatura contemporânea e a discutimos. E eu tento orientá-los no passo seguinte de suas vidas. Isso me ajuda a não passar muito tempo preso em minha cabeça -o que nunca é uma boa idéia."

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