quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A NOITE DO OSCAR, SEMPRE UMA GRANDE FESTA.


US$ 40 milhões- A Rede Social (The Social Network)

ESTA CHEGANDO, MAIS UMA VEZ, O DIA DO ESPETÁCULO DE ENTREGA DO OSCAR. SEMPRE UMA EXPECTATIVA, EU AMO CINEMA. PODEM FALAR O QUE QUISEREM, MAS SEMPRE ESTAREI DIANTE DA TV ASSISTINDO COM PIPOCAS E CERVEJAS, NO MEU SOFÁ, ESTA FESTA. VEJA QUANTO CUSTARAM ALGUNS DOS FILMES CANDIDATOS AO OSCAR:


US$ 4 milhões- Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right)



US$ 13 milhões-Cisne Negro (Black Swan)

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas já escolheu. Agora, os cinéfilos de todo o mundo aguardam a abertura dos envelopes que revelarão os vencedores do Oscar 2011 na noite do próximo domingo, 27 de fevereiro, no Kodak Theater, em Hollywood. Dez filmes estão na disputa, incluindo a animação “Toy Story 3″, mas “O Discurso do Rei”, com 12 indicações, e “A Rede Social”, com oito, são os favoritos.



US$ 2 milhões-Inverno da Alma (Winter’s Bone)




US$ 15 milhões-O Discurso do Rei (The King’s Speech)



Só o fato de ser indicado à premiação já faz com que a arrecadação desses filmes dispare. Quem seria o vencedor na categoria de melhor filme caso a bilheteria fosse o fator decisivo?. Como na realidade não é isso o que decide, a torcida continua, já que o orçamento dessas produções não costuma sair barato e, certamente, a bilheteria dos vencedores aumentará de acordo com o número de vezes que o seu nome for lido por James Franco e Anne Hathaway, os mestres de cerimônia da festa este ano.



US$ 160 milhões-A Origem (Inception) US$ 160 milhões



US$ 200 milhões- Toy Story 3


Com o orçamento de “Toy Story 3″, seria possível realizar 100 vezes “O Inverno da Alma”, e até mesmo cinco “A Rede Social”.

Bravura Indômita (True Grit) US$ 38 milhões
O Vencedor (The Fighter) US$ 25 milhões
127 Horas (127 Hours) US$ 18 milhões

sábado, 19 de fevereiro de 2011

ÚLTIMA ENTREVISTA DO MEU AMADO JOHN LENNON




John Lennon
A última entrevista
por Andy Peebles

No dia 6 de Dezembro de 1980, John Lennon deu uma entrevista amiga de 3 horas para Andy Peebles, repórter da BBC. Nesta entrevista, ele falou sobre Os Beatles, Yoko, drogas e seus planos para o futuro. 4 dias depois ele estava morto. Abaixo Peebles relembra seu tempo com John Lennon assim como alguns dos momentos mais memoráveis desta conversa...


É Andy Peebles quem recorda:

“Eu fui para Nova York entrevistar John Lennon no fim de semana do dia 6 de dezembro de 1980. Peguei este trabalho porque trabalhava exclusivamente com um produtor da BBC chamado Jeff Griffin. Jeff conhecia Bill Fowler que era o Chefe de Promoções da gravadora do John. Bill ligou e simplesmente perguntou ao Jeff se a BBC estaria interessada em fazer uma entrevista com John Lennon.

Jeff tinha um senso de humor muito seco e ácido e disse:

“Porque é que nós faríamos isto?”. Bill então respondeu:

“Porque ele está lançando um álbum novo (Double Fantasy, lançado em Novembro de 1980).

Então, peguei o serviço mas, se as circunstâncias tivessem sido diferentes, o trabalho poderia facilmente ter sido dado para “Kid” Jensen ou Peter Power (outros repórteres).

Voamos para Nova York na quinta-feira, 4 de dezembro. O grupo era formando, além de mim, por Bill Fowler, nosso Produtor Paul Williams e nosso Produtor Executivo Doreen Davis.

Na sexta-feira, na hora do almoço, tivemos um encontro com Yoko no Edifício Dakota. Ela foi bem durona e disse que tinha recebido muitas ofertas de outras estações de rádios. Recordo-me que perguntei se havia alguma chance de nós entrevistarmos John mais cedo e ela disse:

“Não! Vocês encontrarão com ele amanhã.” Ela tinha aquele sorrisinho forçado parecendo mesmo com uma diretora de escola.

O plano era fazer a entrevista no sábado ao meio dia, nos Estúdios The Hit Factory. Quando nós chegamos lá, havia uma mensagem pedindo desculpas e dizendo que eles tinham trabalhando até tarde, mixando o que acabaria sendo uma música da Yoko chamada Walking On Thin Ice (Caminhando Sobre Gelo Fino). Pediam que voltássemos mais tarde às 6 da noite.

Sendo um pessimista, recordo-me que disse:

“Pronto! É isto aí! Não vai acontecer!”

Bom, passamos as próximas horas, fazendo compras e andando pelas ruas de Manhatan mas, sempre preocupados se a entrevista iria acontecer ou não.

Nós retornamos para o The Hit Factory às 10 para as 6, tentando ser calmos e profissionais e lá estava ele.

John estava usando uma calça jeans preta e uma blusa preta bem justa. Ele tinha estado fazendo uma dieta macrobiótica, tinha perdido peso e estava usando um corte de cabelo diferente. Me pareceu que ele estava em grande forma. Suas primeiras palavras foram:

“Obrigado por virem... Eu estava querendo muito fazer isto. É uma coisa bem nostálgica porque eu realmente amo a BBC.”

Naquela sexta-feira Yoko tinha dito que nossa entrevista seria de apenas 1 hora e que 50% deveria ser à respeito dele e 50% à respeito dela. Mas, quando a entrevista começou John Lennon deu partida como se estivesse num carro da Formula 1 e Yoko raramente teve chance de falar.

Eu, sentado, e só pensando: "Isto vai ser interessante! Será que ela vai interrompe-lo?" Mas, ela ficou hipnotizada pelo que John estava dizendo e ficou ali sentadinha quietinha. Isto encorajou-me e também encorajou John. Eu não sei se John estava sendo controlado mas claramente ele tinha um enorme respeito pela Yoko. John era o artista mas, quem estava rodando o show, os negócios, era Yoko.

Antes da entrevista Paul Williams e eu tínhamos tido uns bate-bocas amigos à respeito de como seria feita a entrevista. Paul queria fazer uma retrospectiva completa da carreira do John. Eu achava isto ridículo porque nós só tínhamos 1 hora.

Depois de 1 hora e meia de entrevista eu perguntei ao John se ele queria parar:

“Não! Eu estou amando isto e tenho muito mais coisas para dizer.” Foi sua resposta.

Eles mandaram vir comida chinesa mas, a comida esfriou do lado da mesa porque ele não parava de falar.

No final a entrevista durou 3 horas. Olhando para o passado, hoje vejo que a coisa poderia ter sido melhor mas, no geral, sou orgulhoso do resultado final.

John foi incrivelmente honesto e falou de tudo: Da sua infância, da sua atitude para com as mulheres (A Yoko gostou da frase que ele usou dizendo “Viajem de Macho”), do Paul McCartney, dos abortos naturais da Yoko e como ele foi “cold turkey” com as drogas.

Nota do Barbieri: Cold Turkey (Peru Frio) é uma gíria que é usada para definir a pessoa que consegue deixar um vício, de imediato. Interrompe e pronto. A pessoa deixa o vício não gradualmente, de uma só vez e, sem a ajuda de medicamentos.

Teve duas coisas que eu deveria ter perguntado mas, não perguntei:

A primeira foi sobre sua primeira esposa Cynthia. Mas, como é que você vai perguntar sobre a primeira mulher quando a atual está sentada do lado da pessoa?

A outra pergunta foi sobre a May Pang, a assistente pessoal da Yoko e do John.

Lennon teve um caso que começou em 1973 e durou vários meses. Mas naquela época esta história era apenas um rumor e ainda não era de domínio público.

Depois da entrevista nós fomos para um restaurante chinês chamado Mr Chow. Eu não me lembro o que foi que o John comeu, somente que ele foi muito cuidadoso com a sua escolha. Lá, nós continuamos conversando. Durante o jantar, ele nos perguntou quem eram os grandes produtores de shows na Inglaterra. Respondi à sua pergunta e ele olhou direto na minha cara com uma expressão séria e disse:

“Você acha que algum deles estaria interessado em nos produzir?”

Eu respondi:

“Você está louco?” John, então explicou:

“Você tem que entender que eu estou uma década longe da Grã-Bretanha. Eu não tenho idéia do que está acontecendo lá!”

Nós nos despedimos do lado de fora do restaurante. Eram lá pelas 2 e meia da manhã. Nós tomamos o avião às 7 horas da noite da segunda no Aeroporto JFK.

Eu acho que nós já estávamos no meio do caminho, sobrevoando o Oceano Atlântico quando Mark Chapman puxou o gatilho.

Nós chegamos em Londres, no Aeroporto de Heatrow lá pelas 6 da manhã e eu liguei para minha mãe. O rádio relógio dela tinha o alarme sempre acertado para a Rádio BBC 4 e foi enquanto eu falava com ela que ela ouviu a notícia anunciando que John tinha recebido vários tiros. Ao mesmo tempo, Paul Williams estava no outro telefone público conversando com sua esposa. Eu vi de repente ele deixar cair o telefone. Ele disse:

“Atiram no John!” Eu perguntei:

“John quem? E, ele respondeu:

“John Lennon!”

Sempre penso que, na sexta-feira, quando fomos lá no Dakota, Mark Chapman possivelmente estaria lá fora.

Eu percebi que John tinha guardas armados como segurança. No restaurante eu percebi que um deles tinha uma arma na jaqueta. Muita gente em Nova York carrega armas. Então eu perguntei sobre isto:

“Você sabe o que é sentir que eu posso caminhar para fora daqui agora, caminhar pela rua e ouvir as pessoas dizerem: Oi John, tudo bem?” Foi sua resposta

Ele nunca poderia imaginar!”

Leia abaixo a última estrevista dada por John Lennon
Sobre David Bowie...

Lennon: “Eu não posso pensar em ninguém, inglês ou norte americano que eu prefira realmente andar junto. Nos envolvemos desde que nos conhecemos e nós somos totalmente auto controlados. Quando Elton John, David Bowie ou Mick Jagger estão por perto e com vontade de se mixar, nós nos encontramos com eles. Eu quero dizer, somente Bowie está na cidade. Eu vou ver Elephant Man. Eu considero ele um amigo e um confidente”

A peça Elephant Man (Homem Elefante) estreou na Broadway no Booth Theatre, em setembro de 1980 com David Bowie no papel principal fazendo o papel de John Merrick. Mark Chapman assistiu a peça dois dias antes de assassinar John Lennon. A polícia achou o programa do teatro no meio das suas coisas pessoais.

Sobre a música Cold Turkey...

Lennon: “Cold Turkey foi proibida. Eles pensaram que foi uma música à favor das drogas. Mas, eu sempre falei do que estou sentindo e pensando num dado momento. Então, eu somente estava falando da experiência que eu tive quando estava largando da heroína. Para mim, é uma versão rock’n’roll do filme The Man With The Golden Arm (O Homem Com o Braço de Ouro) porque mostrava Frank Sinatra sofrendo quando deixava a droga.”

A música Cold Turkey foi lançada em outubro de 1969 como compacto simples pela Plastic Ono Band. A música foi banida pela BBC no Reino Unido em 1969 e também nas rádios Norte Americanas. The Man With The Golden Arm foi um filme lançado em 1955 estrelando Frank Sinatra como um viciado em heroína lutando para ficar “limpo” depois de ter passado um tempo na prisão.

Sobre problemas com a polícia por causa de drogas...

Lennon: “Agora, eu estou fichado para sempre por causa deste policial que pegou eu e a Yoko. Ele também pegou o Brian Jones e os Rolling Stones. Ele era um caçador de cabeças procurando ficar famoso. Foi tudo uma armação! Os jornais Daily Mail e Daily Express chegaram lá antes da polícia. Foi ele que chamou a imprensa. Na verdade, Don Short, 3 semanas antes, nos tinha avisado que eles iam nos pegar. Então, acredite-me que, eu “limpei” a casa toda porque, Jimi Hendrix tinha vivido neste apartamento antes da gente e, eu não sou estúpido. Eu chequei inteirinha a maldita casa!”

O Sargento Detetive Norman “Nobby” Pilcher foi o oficial que comandou a “batida” no apartamento alugado no número 38 da Praça Montagu em Londres onde moravam John e Yoko. Lennon foi autuado em flagrante por posse de maconha e recebeu uma multa no valor de 150 libras. Em 2005, um documento confidencial da Scotland Yard veio à público e revelou que o então Home Secretary tinha feito críticas aos métodos usados por Pilcher. Pilcher foi preso em 1973 e sentenciado à 4 anos de prisão por perjúrio. Don Short foi um jornalista do jornal Daily Mail. Don Short foi o inventor da palavra “Beatlemania”.

Sobre ele ter influenciado o Punk...

Lennon: (Enquanto falava sobre seu concerto feito para a UNICEF no Natal de 1969 realizado no Lyceum em Londres) “Este foi um show bem pesado, muita gente do público foi embora. Mas, aqueles que ficaram pareciam que estavam em transe. E, eu sempre penso que alguns daqueles garotos formaram algumas destas banda loucas mais tarde porque, tinham uns 200 garotos entre 13, 14, 15 que estavam olhando para a Yoko e do jeito que nós estávamos tocando Don’t Worry, Kyoto. Eu escuto muito toques do nosso som em um monte de Punk e New Wave por aí. Eu adoraria saber: Será que eles estavam na audiência? E, será que alguém foi para Londres e montou uma banda lá porque eu estou certo como o inferno que soa exatamente como isto.”

Don’t Worry, Kyoto - Mummy’s Only Looking For A Hand In The Snow (Não Se Preocupe, Kyoto – Mamãe Somente está Buscando Por Uma Mão Na Neve) foi uma música de 1971 pertencente ao álbum da Yoko chamado Fly. Ela foi dedicada a Kyoko Cox, filha do Yoko com o artista Anthony Cox.

Sobre Power to the People (Poder para o Povo)...

Lennon: “Tarik Ali ficou vindo e pedindo dinheiro para a revista Red Mole e outras. Eu fiquei pensando: Bem, eu sou da classe trabalhadora e eu não sou “um deles” mas, eu sou rico e portanto eu tenho que colaborar. Então, toda vez que alguém dizia alguma coisa assim, eu metia a mão no bolso. Ele estava me extorquindo e, então eu escrevi Power to the People como um tipo de música com sentimento de culpa. Foi como uma canção manchete de jornal onde você escreve sobre o que está acontecendo agora, no momento. São as manchetes com as faltas e tudo o mais.”

Tarik Ali foi ativista e escritor Paquistanês com nacionalidade britânica que entrevistou Lennon para a revista Red Mole em 1971. O compacto do John Lennon com a música Power to the People esteve entre as 10 mais das paradas de sucessos em 1971.

Sobre Paul McCartney...

Lennon: “Eu usei o meu ressentimento contra o Paul, um tipo de rivalidade, um ressentimento tipo de irmão da juventude para escrever uma música. Era uma rivalidade criativa... não era uma vingança viciosa... mas, eu senti ressentimento. Então eu usei esta situação do mesmo jeito que eu fiz quando estava deixando a heroína para escrever Cold Turkey. Eu usei meu ressentimento e o fato de estar deixando o Paul e Os Beatles para escrever How Do You Sleep? (Como é que você dorme?)”

A música How Do You Sleep? Apareceu no álbum Imagine lançado em 1971 e inclui algumas cotuveladas no seu antigo companheiro: “A única coisa que você fez foi yesterday (ontem)” e “O som que você faz é muzak para os meus ouvidos”. Na semana depois da morte do Lennon, Andy Peebles foi contatado pelo produtor dos Beatles, George Martin:

“Eu recebi uma chamada telefônica do George, pessoa que eu nunca tinha conversado antes, pedindo para que eu fizesse uma visita ao Air Studios em Londres onde o Paul, McCartney queria conversar comigo”. Lembra-se Andy Peebles que continua:

“Desculpe-me Paul mas, se eu não me engano, o que você queria dizer pra mim é que o John ainda gostava de você”.

Sobre a Plastic Ono Band...

Lennon: “A banda Plastic Ono Band foi uma concepção da Yoko e era uma banda imaginária. Foi supostamente uma festa para comemorar a gravação do Give a Peace a Chance que foi a primeira gravação. Mas, nós tivemos um acidente com o carro e não pudemos comparecer. Então, no salão, no lugar onde eles fizeram a festa para a Plastic Ono Band, toda a imprensa veio para encontrar-se com a banda mas, o que encontraram foi uma câmera apontando para a imprensa e, projetando eles mesmos no palco.”

Música Give a Peace a Chance chegou ao topo das paradas em julho de 1969. A música foi gravada por John, Yoko e vários convidados célebres em um quarto do Hotel Queen Elizabeth em Montreal no Canadá onde eles estava fazendo a “instalação” Na Cama Pela Paz. O acidente de carro aconteceu em julho de 1969 na Escócia (Highlands). Lennon bateu com seu carro, um Austin Maxi, machucando-se e ainda ferindo Yoko e sua filha Kyoto. Seu filho Julian teve que ser tratado por “shock”.

Sobre violência...

Lennon: “A primeira cobertura nacional dos Beatles aconteceu quando eu bati no Bob Wooler na festa de 21 anos do Paul porque ele andou dizendo que eu era homossexual. Eu devia ter algum medo de que talvez fosse homosexual para ter atacado o cara desta forma. Mas, eu estava muito bêbado e bati mesmo. Poderia mesmo ter matado alguém e isto assustou-me. Isto apareceu no Daily Mirror, foi na última página.”

Bob Wooler foi o DJ de Liverpool que apresentou Os Beatles para aquele que viria a ser o empresário da banda, Brian Epstein. Lennon tinha ido recentemente de férias para a Espanha com Epstein que era homossexual. Wooler fez uma brincadeira dizendo que aquelas férias tinha sido uma “Lua de Mel”.

Sobre o “The Lost Weekend” (Fim de Semana Perdido)...

Lennon: “Eu poderia ter lidado com a separação (da Yoko em 1973) de qualquer outra forma. Eu simplesmente fiquei partido e a única coisa que eu soube fazer foi ir juntamente com Harry Nilsson, o pobre Keith Moon e outros para o bar e encher a cara. Olhando para trás, parece engraçado mas, foi uma coisa muito miserável. Eu nem bebo mais porque isto me assusta. Hoje, até um copo de vinho me derruba.”

Durante os 18 meses que duraram a separação do John com a Yoko, Harry Nilson foi um dos parceiros regulares do John na bebida. Neste período os dois homens moraram na Califórnia. John produziu para Harry Nilson o álbum chamado Pussy Cats lançado em 1974. Foi neste álbum que Nilson famosamente rompeu uma das suas cordas vocais.

Sobre a sua volta ao vivo com Elton John e o reencontro com Yoko...

Lennon: “Elton estava na cidade eu estava fazendo a música Whatever Gets You Thru The Nigth (Qualquer Coisa Que Ajude a Passar a Noite). Eu precisava de ajuda com uma harmonia. Ele veio, fez a harmonia para mim e ficou falando em tom de brincadeira que iria fazer este concerto no Madison Square Garden e disse:

“Você faria o show comigo se esta gravação chegasse à número 1?” Eu aceitei porque pensei que esta música não tinha chance nem no inferno. Mas, 1 ano depois ele veio para mim e disse:

“Ok! Agora é a sua vez de pagar as suas contas!” Bom, eu fui lá e cumpri minha parte. Eu fiquei surpreendido de ver como o público foi tão gentil para comigo. Eu não sabia que ela (Yoko) estava na platéia. Eu não teria coragem de me apresentar se soubesse que ela estava lá. Eu fui para o camarim e lá estava ela. Nós voltamos juntos naquela noite.”

A música Whatever Gets You Thru The Nigth foi a única música solo do John que chegou à número 1 em toda sua carreira. Ela foi lançada em outubro de 1974. Foi no dia 28 de novembro de 1974 que John, juntamente com Elton John, fez a sua última maior apresentação ao vivo.

Sobre o seu segundo filho Sean...

Lennon: “Mick (Jagger) fez todo este falatório no jornal The Observer que eu li em Tokyo, porque eu passei a metade dos primeiros 3 anos do Sean no Japão. Ele disse:

“Vamos lá John! Cai fora daí”. Ele estava me atacando mas seu ataque não “cortava” nada. Ele disse:

“Eu gosto muito do John mas, ele está escondendo-se atrás do Sean. Porque é que ele não coloca nem o dedo para fora de casa. A Yoko deve manter ele trancafiado.””

Sean Lennon nasceu no dia 9 de outubro de 1975, o dia do nascimento do John. Ele fez a sua estréia musical 1 ano depois da morte do seu pai, tocando no álbum da sua mãe Yoko chamado Season of Glass, lançado em 1981.

Sobre feminismo...

Lennon: “Eu aprendi a fazer pão. Eu estava fornecendo o pão para Yoko e o bebe. Isto aconteceu por mais ou menos 9 meses. Sempre teve um lado de mim que sempre foi servido pelas mulheres. Foi minha Tia Mimi ou outras mulheres e namoradas. Foi uma grande experiência. Eu aprecio o que as mulheres fizeram por mim em toda a minha vida.”

Tia Mimi cujo nome era Mimi Smith foi a tia maternal e guardiã do Lennon.

Sobre o seu primeiro filho Julian...

Lennon: “Com Julian, meu primeiro filho, eu voltei para casa e tinha este menino com 12 anos que eu nunca tive nenhuma amizade. Agora ele está com 17 e nós estamos desenvolvendo uma amizade porque eu posso falar de música e de qualquer coisa que ele estiver interessado.”

Julian é o primeiro filho do Lennon. Ele nasceu em 1963 do seu casamento com sua primeira esposa Cynthia Powell.

Sobre John Cleese...

Lennon: “O seriado da TV Fawlty Towers é um dos maiores programas que eu assisto em muito anos. Que cara! Ele é grande! Eu o vi explicando como ele tem só meia hora para fazer o programa e que faz um por semana. Mas, que obra de arte, uma coisa muito bonita.”

Os episódios da série Fawlty Tower foram ao ar de 1975 à 1979. Tratava-se de uma comédia estrelada por John Cleese que também era o produtor. A história girava em torno de um hotel e seu dono muito louco. John Cleese também escreveu e estrelou no filme Monty Python chamado Life of Brian (Vida do Brian) produzido pela Hand Made Films, uma companhia formada por, entre outros, nada mais nada menos do que, George Harrison.

Sobre sua composições...

Lennon: “Eu comecei desde o álbum Mother em diante tentando cortar fora todas as imagens, pretensões de poeta e ilusões de grandiosidade. Simplesmente digo o que é, uso um inglês simples, coloco uma rima e uma pulsação nela. O povo lá do norte da Inglaterra é mais direto, “na lata” então, eu estava só tentando escrever do jeito que eu sou.”

Mother é a música do álbum John Lennon/Plastic Ono Band lançado em 1970 em que Lennon acusa os seus pais de o terem abandonado. Sua mãe morreu atropelada quando ele tinha 17 anos.

Sobre música moderna...

Lennon: “Quando eu estava em Bermudas um cara que trabalhava para mim chamado Fred Seamen mostrou-me o som da banda B-52. Ele colocou numa fita cassete mais eu não escutava. Acabei apagando tudo. Mas, ainda lá em Bermudas falei:

“Fred onde está todo aquele material que você me deu? Vai lá e trás tudo de novo!”

Então ele me trouxe Madness, B-52, Pretenders e eu achei ótimo. Eu não queria ouvi-los antes mas agora eu quero saber tudo que está acontecendo!”

Fred Seamen foi assistente pessoal do John e da Yoko. Depois da morte do John ele foi condenado por roubar coisas do casal, incluindo os diários do John. Quanto à banda B-52, Fred Seamen levou John Lennon para ver a banda num clube em Nova York. Lennon dizia que a música do B-52 chamada Rock Lobster lembrava-o da música feita pela Yoko. Lennon disse na entrevista ao Andy Peebles:

“Eles estudaram a música da Yoko! Eles admitiram!”

Sobre gravarem outro álbum depois do Double Fantasy...

Lennon: “Temos várias idéias e planos na nossa cabeça no momento. Nós já temos a metade do próximo álbum e provavelmente, depois do natal, nós iremos gravá-lo.”

O próximo álbum, póstumo, chamou-se Milk and Honey (Leite e Mel) e finalmente foi lançado em 1984 contendo as últimas gravações de John Lennon junto com Yoko Ono.

Sobre viver em Nova York...

Lennon: “No princípio quando nós mudamos para cá, nós moramos em Greenwish Village. Eu andava pela área todo tenso, esperando que alguém me dissesse alguma coisa ou pulasse em cima de mim. Levou dois anos para que eu relaxasse! Eu quero dizer, o povo vem e pede um autógrafo ou diz oi mas não me perturba.”

Antes de mudarem para o Edifício Dakota em maio de 1973, John e Yoko viveram por quase dois anos num apartamento no número 105 da Bank Street no bairro Greenwish Village em Nova York.

YOKO ONO


Meus queridos leitores...

No dia 9 de outubro, meu marido completaria 70 anos.

Os últimos trinta anos depois do seu falecimento foram, para mim, anos cheios de emoções extremas. Mas, uma coisa que eu não fiz, foi ficar contando os anos para saber quantos anos John teria se estive vivo. Para falar a verdade, eu não posso acreditar que John estará fazendo 70 anos! Mas, ele está!

Ele e eu fomos parceiros na batalha para trazer paz para o mundo. Nós, literalmente, "fomos para cama pela vida", quando nós fizemos “na cama pela paz e amor”. A música Give Peace a Chance (Dê Uma Oportunidade Para a Paz) foi composta e gravada naquela cama.

Então, quando John caiu no campo de batalha, tudo que eu pensei foi continuar por nós dois. Continuar para tentar fazer um mundo pacífico. Por isto, nenhuma marca de envelhecimento chegou até nossas almas.

Então, eu fiquei surpreendida que John faria verdadeiramente 70. Eu também fiquei surpresa com as muitas cartas chegando, logo no começo deste ano, de várias partes do mundo, cada uma delas, com as pessoas informando-me que, do seu jeito criativo, pretendiam comemorar o aniversário do John. Isto me incentivou à fazer a minha parte também.


Eu passei a maior parte do ano passado escutando as músicas incríveis do John. Eu trabalhei com a grande ajuda de Allan Rouse do Abbey Road Studios juntamente com seu grupo de engenheiros brilhantes preparando uma série de lançamentos para a celebração deste outubro.
Às vezes, absorvida pelo poder das letras do John ou a força tão bonita da sua voz, descobri que estava dirigindo-me à ele, meu parceiro nesta vida, pedindo algum tipo de conselho, algum tipo de ajuda ou, simplesmente para dizer para ele que ele era uma criatura maravilhosa... e ele não estava lá.

Mas, através do seu catálogo musical que eu realmente acredito é insuperável, John deixou uma marca definitiva em nossas vidas. Sua influência está por todo os lados e cresceu de estatura através das décadas. Suas músicas são parte de nós, nossas vidas moldadas e definidas por elas. Ele continua um artista essencial, um rebelde de Liverpool que mudou o mundo.

Eu amo John!

Seja bem-vindo à esta edição muito especial na qual eu contribui com minhas próprias memórias.

No dia 9 de outubro, por favor, junte-se à mim relembrando John Lennon. Junte-se à mim com alegria nos seus corações pelo que ele nos deixou: A música, a atitude e o conhecimento de que juntos nós podemos mudar o mundo.

Imagine a Paz

Love

Yoko Ono


Tradução e adaptação de Antonio Celso Barbieri

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A VIDA É COMO UM PIQUENIQUE-PORTÕES DA PRÁTICA BUDISTA

CHAGDUD TULKU RINPOCHE


A vida é como um piquenique em uma tarde de domingo — ela não dura muito tempo. Só olhar o sol, sentir o perfume das flores ou respirar o ar puro já é uma alegria. Mas se tudo o que fazemos é ficar discutindo onde pôr a toalha, quem vai sentar em que canto, quem vai ficar com o peito ou a coxa do frango…, que desperdício! Mais cedo ou mais tarde o tempo fecha, a tarde cai e o piquenique acaba. E tudo o que fizemos foi ficar discutindo e implicando uns com os outros. Pense em tudo que se perdeu.

Você pode estar se perguntando: se tudo é impermanente, se nada dura, como pode alguém viver feliz? É verdade que não podemos, de fato, agarrar ou nos segurar às coisas, mas podemos usar esse conhecimento para olhar a vida de modo diferente, como uma oportunidade muito breve e rara. Se trouxermos à nossa vida a maturidade de saber que tudo é impermanente, vamos ver que nossas experiências serão mais ricas, nossos relacionamentos mais sinceros, e teremos maior apreciação por tudo aquilo que já desfrutamos.

Também seremos mais pacientes. Vamos compreender que, por pior que as coisas possam parecer no momento, as circunstâncias infelizes não podem durar. Teremos a sensação de que seremos capazes de suportá-las até que passem. E com maior paciência seremos mais delicados com as pessoas a nossa volta. Não é tão difícil manifestar um gesto amoroso quando nos damos conta de que talvez nunca mais estaremos com a nossa tia-avó. Por que não deixá-la feliz? Por que não dispor de tempo para ouvir todas aquelas histórias antigas?

Chegar à compreensão da impermanência e ao desejo autêntico de fazer os outros felizes nesta breve oportunidade que temos juntos, constitui o começo da verdadeira prática espiritual. É esse tipo de sinceridade que efetivamente catalisa a transformação em nossa mente e em nosso ser.

Não precisamos raspar a cabeça nem usar vestes especiais. Não precisamos sair de casa nem dormir em uma cama de pedras. A prática espiritual não requer condições austeras — apenas um bom coração e a maturidade de compreender a impermanência. Isso nos fará progredir.

Chagdud Tulku Rinpoche, em “Portões da Prática Budista“.